Farpas Verdes CCXLVIII (com actualização)
O incêndio de ontem em Mafra mostra, curiosamente, a razão de os fogos florestais nas zonas menos densamente povoadas se tornam rapidamente catastróficos. Basta olhar para os meios disponibilizados nete fogo na região da Grande Lisboa: segundo o SNBPC, acorreram 505 bombeiros, 163 veículos, uma máquina de rasto e um meio aéreo. A área ardida foi, ao que tudo indica, de 20 hectares.
Esta noite, por sua vez, continuavam a lavrar dois outros fogos: um em Santa Eufémia, concelho de Seia, onde estavam 48 bombeiros, 11 veículos e quatro meios aéreos; e outro em Ariola, concelho de Meda, que mobilizava 33 bombeiros e 11 veículos. Como são incêndios com várias horas, o saldo já terá atingido algumas dezenas de hectares. Se porventura chegarem a acorrer uma ou duas centenas de bombeiros a um destes incêndios, será mau sinal: significa que tiveram de se mobilizar bombeiros de concelhos longínquos e que, portanto, o incêndio se tornou incontrolável. Pelo que me recordo, em anos anteriores, um incêndio no interior com 200 ou mais bombeiros significou sempre milhares e milhares de hectares ardidos.
Em suma, cada vez se torna mais evidente que o interior necessita de meios suplementares para o combate aos fogos florestais. Mais meios humanos e sobretudo a tempo interior. Ou seja, é necessário profissionalizar os bombeiros do interior.
Nota: Afinal, o incêndio na zona de Mafra foi de 350 hectares (também tinha achado estranho um valor tão baixo em tantas horas de incêndio...). Os 20 hectares - depois corrigidos para oito - eram referidos aquilo que ardeu dentro da área da Tapada de Mafra. Em todo o caso, não retira aquilo que disse no post: um incêndio deste género no interior teria sido ainda mais catastrófico...
7/05/2005
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