8/21/2005

Farpas Verdes CCLXXV

Em 2003, a culpa foi da onda de calor, este ano a culpa é da seca. Não vi, contudo, nenhum político que se alegrasse por ter sido «salvo» pela chuva de Agosto. Sinceramente, estou farto de desculpas e desejoso de ver os políticos fazerem um acto de contrição e assumir que a culpa é da falta de política florestal e da evidente e mais que evidente estrutura obsoleta de prevenção e combate (primeira intervenção e combate subsquente) .

Por mais que os bombeiros se esforcem, por mais meios aéreos que sejam colocados, existe uma evidência que os últimos anos têm confirmado: os grande incêndios - aqueles que se descontrolam - são cada vez mais frequentes e mais avassaladores.

Nas análises que tenho feito, verifiquei, aliás, um facto devras curioso mas também preocupante: em 2003 os cinco maiores incêndios - somente 0,02% do total de ocorrências desse ano - dizimaram 152 mil hectares, ou seja, 36% da área total. No ano passado, os três maiores incêndios queimaram 33% da área total. E este ano, até 14 de Agosto, os cinco maiores incêndios queimaram 34% da área.

Ora, nestes 13 incêndios, que queimaram mais de 230 mil hectares, a culpa foi só do tempo? Algum destes incêndios mereceu uma análise técnica para explicar como foram combatidos? Será que um dia se fará uma avaliação crítica ou continuar-se-á ad eternum a arranjar desculpas cada vez mais esfarrapadas?

P.S. O ministro António Costa apelou também ao aumento do voluntarismo. Pois eu apelo ao profissionalismo: o do ministro e o dos bombeiros.

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