Farpas Verdes CCLXXVI
Em reportagem pelo centro do país nos últimos três dias (não, não foi para abordar o tema «quente»), percorri longamente vários concelhos, designadamente Castanheira de Pêra, Lousã, Arganil, Góis e Pampilhosa da Serra.
Os dois primeiros concelhos estão (ainda) a salvo dos incêndios florestais. No entanto, em Castanheira de Pêra estamos perante um «milagre», porque a densidade florestal e a falta de limpeza de faixas é enorme e, infelizmente, não me admiraria o nefasto destino de outras zonas. No caso da Lousã é, porventura, um dos concelhos que mais tem apostado na prevenção (bons aceiros, limpeza de bermas com faixas de desmatação nas áreas adjacentes). Não está tudo perfeito (longe disso, continuam a fazer estas limpezas ainda agora, mas a um ritmo lento e não retirando todo o material lenhoso), mas «entende-se» o motivo para que não esteja a ser flagelado pelo fogos (importante referir também as eficazes equipas de sapadores profisionais que trabalham neste concelho).
Quanto aos restantes concelhos que visitei, tudo está vestido de negro. São quilómetros e quilómetros de perder de vista, onde claramente se viu que os incêndios das últimas semanas se passearam a seu bel-prazer e que, nas áreas florestais ou de matos, o fogo apenas se apagou porque nada mais havia para arder. Facilmente se constata as razões porque em algumas manchas as árvores ficaram calcinadas (excesso de manta morta).
No entanto, aquilo que mais me chocou foi verificar que também arderam áreas que tinham sido intervencionadas com limpeza de matos, mesmo em áreas de folhosas. E arderam por uma simples razão: cortaram os matos e ramagens, deixando tudo no local. Seco, claro, para alimentar o fogo. Resultado: uma acção de má prevenção que deu piores resultados do que uma ausência de prevenção. Foi dinheiro deitado ao lixo. E isto dói duplamente....
8/24/2005
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