4/12/2005

Derivações Ambientais XVI

A posição do escritor cabo-verdiano Germano de Almeida (vd. notícia Expresso Online)sobre a eventualidade da entrada de Cabo Verde na União Europeia - apoiada por Mário Soares e Adriano Moreira - é uma pérola de lucidez e uma crítica sibilina aos países ditos desenvolvidos de «obrigarem» os outros países a seguirem-lhe o modelo.

Diz Germano de Almeida, de forma lapidar, «Nós - Cabo Verde - não podemos ser europeus, porque somos pretos!». Esta frase, em si mesma, é de uma lógica cristalina; e chama as coisas pelos nomes, sem qualquer conotação racista de parte a parte (embora se fosse um europeu a dizê-lo desta forma, obviamente ficava com essa fama...). Tal como a Turquia nada tem a ver com a cultura europeia (e a sua inclusão, serve apenas para abrir uma porta ao Médio Oriente), também Cabo Verde nada tem a ver com a Europa. Alegar que Cabo Verde estar na regoião macaronésica (como Açores, Madeira e as Canárias) e por isso perto de territórios europeus, seria o mesmo que defender a inclusão da Argentina porque está perto das inglesas ilhas Falkland.

Mas, um apsecto importante da mensagem de Germano de Almeida infere que o futuro de Cabo Verde pode não ser o melhor sem entrar na União Europeia, mas preservam o direito ao seu futuro, qualquer que ele seja. E isso, por vezes, é sagrado.

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