4/29/2005

Farpas Verdes CCXII

Com a estatística fazemos aquilo que bem queremos. Ontem li que a vereadora do urbanismo da autarquia de Lisboa, Eduarda Napoleão, revelou satisfeita que «no final de 2002 foram identificados 5588 edifícios degradados na cidade e, no final de 2004, estão recuperados 1741, ou seja 31%».

Ora, não colocando em dúvida os 1741 edifícios recuperados (nem sequer avaliando o grau de reabilitação), já me causa estranheza haver tão poucos edifícios degradados. Pegando nos dados do Recenseamento da Habitação de 2001 - que, note-se bem, apenas inclui os edifícios de habitação que tinham ainda pessoas a viver, excluindo assim os chamados prédios devolutos - que são imensos -, tinhamos 3395 edifícios a necessitar de muito grande obras de recuperação na sua estrutura e mais 5704 a necessitar de grande obras. Ou seja, apenas em prédios habitados tinhamos 9099. Se colocassemos também aqueles que necessitavam de obras na estruturas e nas paredes, esse valor seria maior.

Portanto, mesmo considerando que todos os 1741 edifícios recuperados tivessem sido em edifícios habitados (ou seja, que não incluisssem os prédios devolutos), afinal a percentagem de reabilitação é de 19% - portanto muito longe dos 31%. E este valor de 19% será um valor em excesso, pelas razões que atrás referi, de não incluir os prédios devolutos no «universo» dos prédios degradados.

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