4/29/2005

Farpas Verdes CCXIV

Os dados hoje divulgados referindo que entre 1 de Janeiro e 15 de Abril já ocorreram 1109 incêndios em Portugal Continental contra os 543 ocorridos nos primeiros quatros meses de 2004, revelam uma situação extremamente preocupante. Primeiro, esse número - tendo em conta a forma como foi apresentada essa comparação - reporta-se apenas aos focos de incêndio com área ardida superior a um hectare (abaixo disso, são chamados fogachos e, por exemplo, no ano passado até Abril tinham-se registado os tais 543 incêndios e mais 1663 fogachos).

Nunca gosto de fazer comparaçõe de dados de um ano com o ano anterior - não têm qualquer significado estatístico. Por isso, fui olhar para os dados do os anos anteriores. Em 2003 até Abril tinha havido 380 incêndios, em 2002 houve 686 e em 2001 (não tenho dados mensais) tinham-se registado até ao dia 8 de Junho 1168 incêndios.

A história tem mostrado que um «mau» início da época dos incêndios não significa necessariamente uma «má época» de incêndios (embora, na verdade, todos os anos têm sido maus). No entanto, o que mais me assusta é que esse elevado número de incêndios (não se sabendo, por agora, a área ardida) ocorre numa época de seca. E, por isso, demonstra duas coisas: continua-se sem conseguir controlar os focos de incêndios (cada vez maos defendo uma forte actuação repressiva, mas mesmo a doer, sem contemplações...) e mostra que a prevenção florestal continua a marcar passo.

Independentemente daquilo que acontecer este ano - e teme-se o pior - convinha, em todo o caso, que a atitude do Governo não fosse nenhuma das que vou referir. Se correr mal, não devem culpar a «herança» passada, porque nisto da floresta a herança vem de longe, nem devem dizer que foi azar; se correr bem, não devem regozijar-se por serem devidas às acções do Governo, mas sim que foi pura sorte. E, de facto, dela, da sorte, estamos bem precisados.

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