4/01/2005

Farpas Verdes CCI

O argumento do presidente da autarquia de Lisboa, Santana Lopes, ao «chumbar» o pedido de referendo do túnel do Marquês, de que este projecto constava nas suas promessas eleitorais e que, portanto, tinha sido «ratificado» pelo voto popular e alvo de uma audiência pública (fantoche, acrescento eu), constitui um desrespeito pela democracia.

A diferença entre um ditador e um democrata não está apenas no facto de o primeiro gerir uma ditadura e o segundo gerir uma democracia. Não está também de um ter sido legitimado pela força e o outro pelo voto. Está, sim, na forma como se exerce o poder. O túnel do Marquês é um projecto que deveria merecer uma análise mais cuidada e ponderada pelos evidentes efeitos para o futuro da cidade e da sua envolvente. Avançar, desta forma, é um capricho que sairá caro a todos os títulos. E demonstra, afinal, o receio de Santana Lopes de que afinal Lisboa poderá não concordar tanto assim com este projecto (aliás, é anedótico julgar que ele foi eleito «apenas» por prometer um túnel).

Por outro lado, a atitude dos socialistas - ao votar também o «chumbo» do referendo - é uma lamentável jogada eleitoralista apenas para evitar as eventuais críticas do PSD. Não lhes fica bem, porque a coragem de defender causas, mesmo custando eventuais votos, é que faz ganhar eleições.

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