2/28/2009
Apagão socialista
Entrevista...
Venha a crise...
Enquanto isso, Portugal é o segundo país com menor crescimento e está no leque dos três países com crescimento médio inferior a 1% ao ano. Assim sendo, pouca mossa nos provocará uma estagnação ou uma regressão de 2% ou 3% num ano. Pior é para aqueles que estavam habituados a crescimentos galopantes. Irónica vantagem de quem não soube aproveitar os anos de vacas gordas.
2/26/2009
Publicidade literária, pois então
A realidade da ficção
Em todo o caso, destaco aqui uma passagem que, parecendo ficção, afinal é uma realidade.
«(...) um ministro até podia depois de aterrar no ribeiro, levantar-se, passar as mãos pelo corpo a ver se não tinha nada partido, e depois andava uns metros até à levada e ia pela parede sempre a par do ribeiro, no sentido em que as águas corriam, e em cinco ou dez minutos chegaria à aldeia da antiga casa da minha avó, onde a levada embocava na represa. E aí era só andar mais uns metros que no escuro da noite lá estaria o carro com o motorista para levá-lo para o remanso da capital, a dupla mansidão do seu gabinete onde tudo esqueceria, o tempo suspenso no ar com os outros iguais a ele em desqualificação e vadiagem, de costas voltadas para a linha de fogo, todos diluídos no escuro, esperando que disparasse uma máquina fotográfica mas de repente o que viam era uma pedra a partir da minha mão, ou nem viam, porque para eles eu também era escuro, também estava misturado com o escuro da noite, e a pedra a mesma coisa; apenas ele, o ministro, sentia o embate, confuso por não ter visto disparar nenhum flash e a pensar que ia ter uma foto para a capa de uma revista ou para a primeira página de um jornal, com sorte uma foto em que haveria chamas como pano de fundo. (…)»
Nota: Por falar em incêndios, eles já andam por aí. Basta umas semanitas sem chover, qualquer que seja o mês e aí estão eles.
A verdadeira crise
2/24/2009
A verdade e a Justiça
2/23/2009
Preço de saldo
2/22/2009
A natureza humana
2/21/2009
Ou seja, faça-se tudo
Os relógios avariaram
Nota: Aliás, ainda está para se fazer a avaliação de um programa de muitos milhões que tinha como objectivo mostrar um novo paradigma de urbanismo em Portugal. Tirando uns arranjos, não vi nada de especial. Ao invés, de quando em vez, vejo sim pedaços de terreno a serem vendidos pelas sociedades Polis com preços de pura especulação imobiliária.
2/20/2009
Raciocinando
Com efeito, sabendo-se que os supostos pagamentos de «luvas» se verificaram após a aprovação do estudo de impacte ambiental (e ainda mais tendo sido para acto lícito, independentemente de algumas irregularidades e ilegalidades) torna-se pouco sensato que um corruptor cumpra o «acordo» com uma pessoa que influenciou a decisão fora da cúpula da Administração Pública (Governo e autarquias) sem que a dita cúpula desconhecesse por completo esse trato.
Até porque, na verdade, alguém receber dinheiro para influenciar uma decisão por ter real ou suposto ascendente sobre uma entidade (em suma, fazer «lobby»), se bem que até seja punível pelo nosso Código Penal, não parece merecer tanto apreço que leve a que um corruptor despenda a verba de que se tem falado. Mas receio que a «montanha venha a parir um rato» e que, na verdade, os arguidos sejam apenas acusados pelo artigo 335º do Código Penal - ou seja, acusados de fazer «lobby».
2/18/2009
Legenda: em cima, o autor com algum material do sempre necessário material de marketing e carregando o seu ajudante de nome completo Serafim António de Villanueva de Barcarrota. Serafim por, muito apropriadamente, ser o ente celestial mais próximo de Deus; António por ter nascido no dia se Santo António (em 2008); Villanueva de Barcarrota por ser o interlocutor do protagonista do meu romance. Apresentações feitas, o autor garante, também, que não está a ser exercida qualquer violência sobre o bichano, que, desde pequenino, considera esta posição à cachecol como normal...
Quando é que isto acaba?
Pessoalmente, esta convivência de avanços e recuos, com as autoridades judiciais a darem uma no cravo e outra na ferradura, pode ser convivial, mas é tudo menos normal. Eu recordo-me que logo no final de 1995, quando então secretário de Estado do Ambiente, José Sócrates, decidiu abandonar a incineração dedicada e optar pela co-incineração pelas cimenteiras, esta solução foi justificada por, em parte, ser um processo que avançaria mais rapidamente. Tem-se visto...
Coitados dos linces
Nesta notícia, diz-se que «La directora del programa de cría en cautividad [da Andaluzia] enfatizó que los tres centros de cría están 'a máxima capacidad de carga', por lo que es ineludible abrir 'cuanto antes' las nuevas instalaciones que se construyen en el sur de Portugal y en Extremadura».
Ou seja, os linces espanhóis vêm para cá por causa do sucesso espanhol. E sairão de Espanha como linces e chegarão a Portugal como cobaias. Tadinhos deles.
2/16/2009
Vale da Rosa n'O Estrago da Nação, já em 2003
Por mim, já em 2003, no livro O Estrago da Nação, na página 243, falava neste caso, conforme o extracto que aqui reproduzo.
«(...) mesmo com a nova lei [de protecção dos sobreiros e azinheiras, aprovada em 2001, no Governo de António Guterres], a especulação imobiliária e as pressões sobre os montados não se reduziram muito. Um caso paradigmático passa-se no concelho de Setúbal onde promotores imobiliários e autarquia deram as mãos para conseguirem que os Ministérios da Agricultura e do Ambiente lhes autorizassem o corte de sete centenas de sobreiros para a expansão urbanística da cidade. Foi a primeira vez que tal aconteceu para um projecto privado. Para conseguirem isso, os promotores prometeram construir um complexo desportivo e vai daí considerou-se que o projecto era todo de interesse público. E o mais grave é que este estratagema pode criar um precedente gravíssimo. Vários são os projectos em carteira que aguardam igual benesse estatal. Quando a lei foi aprovada em 2001, o então secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, Vitor Barros, garantia que não seriam concedidas declarações de interesse público a projectos imobiliários privados. Viu-se!»
2/15/2009
Não é mentira, é amnésia
2/13/2009
Memória de elefante
Mas o aspecto interessante, ironicamente relevante, nas declarações de Sócrates, como justificativas de ter demitido Marques por não cumprir «orientações superiormente fixadas», surge quando defende(ia) «não abdicar do direito de agir mais de perto em relação a determinados projectos». Convém destacar que, nesse caso, Sócrates demitiu (e bem) Marques por aquele ter autorizado construções em no Parque Natural de Sintra-Cascais, um área protegida que integra a Rede Natura - aliás, tal como a ZPE do Estuário do Tejo.
A notícia integral segue aqui em baixo.
Ex-vice do ICN processa Sócrates
Expresso, 10/6/2000, Pedro Almeida Vieira
O EX-VICE-PRESIDENTE do Instituto de Conservação da Natureza (ICN), José Manuel Marques, vai processar o ministro do Ambiente, José Sócrates, por difamação, com base nos motivos invocados pelo governante no despacho de exoneração. Além disso, o gabinete de advogados de Rui Machete - antigo ministro da Justiça e da Defesa do Bloco Central, que defenderá José Manuel Marques - apresentou já no Tribunal Administrativo um pedido de impugnação do despacho de Sócrates, por a demissão não ter sido precedida de processo disciplinar.
A exoneração de José Manuel Marques - militante do PS que acumulava também funções de membro da comissão directiva do Parque Natural de Sintra-Cascais (PNSC) - deveu-se, segundo nota do Ministério, ao «incumprimento das orientações do Governo no sentido da não aprovação da tipologia do aldeamento turístico do Abano, sem que fosse verificada a sua compatibilidade com a localização aprovada». No despacho de exoneração, Sócrates diz que o então vice-presidente do ICN «revelou, ao longo da vigência do actual Governo, não possuir o perfil adequado ao exercício das funções (...) e à execução das orientações superiormente fixadas». Por outro lado, salienta também que foram praticados «actos em sentido contrário às orientações e instruções emitidas pelo Governo» no caso do aldeamento do Abano.
O ex-vice do ICN - que «arrastou» na demissão o director do PNSC, João Alves - acusa o Ministério de ter dado ordens ilegais, que não poderiam ser cumpridas, e diz-se «crucificado na fogueira da vaidade do ministro». José Sócrates não comenta estas acusações, defendendo «não abdicar do direito de agir mais de perto em relação a determinados projectos». «Esta medida torna claro que a defesa dos valores ambientais nas áreas protegidas é para levar a sério», sustenta.
2/11/2009
Sensatez
Aleluia
2/10/2009
E por que não?
É certo que no Código Deontológico dos Jornalistas se refere que «o jornalista não deve valer-se da sua condição profissional para noticiar assuntos em que tenha interesses», mas não parece que se aplique a este caso. O jornalista José António Cerejo tem tantos «interesses» no apuramento da verdade no caso Freeport como tem qualquer cidadão, incluindo o primeiro-ministro. O que está em causa, neste trecho do Código Deontológico, são apenas os «interesses» particulares - ou seja, o jornalista apenas deve prescindir de noticiar sobre assuntos que o beneficiem em sentido estrito, e não como membro integrante de uma sociedade. Se assim não fosse, imaginemos que um jornalista não poderia noticiar, por exemplo e por absurdo, críticas sobre o aumento do preço da gasolina, porquanto como cidadão lhe interessa que a gasolina não aumente.
Além disso, José António Cerejo - ou qualquer outro jornalista que proceda do mesmo modo - não acede ao estatuto de assistente no processo através de qualquer combinação com terceiros que o possa comprometer (como sucedeu, por exemplo, com os jornalistas que participaram em assembleias gerais de bancos), pelo que a sua independência está garantida neste aspecto.
Por fim, a solução de assistente acaba por ser até uma forma de cumprir o Código Deontológico, pois aí se refere que «o jornalista deve lutar contra as restrições no acesso às fontes de informação e as tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar«. Ora, ter acesso à informação por via de ser asistente parace-me ser mais correcto, do ponto de vista deontológico, do que contribuir para uma violação do segredo de justiça. E mesmo se este expediente (constituir-se assistente) fosse desleal - o que nem é o caso, na minha opinião - sempre se deveria aprová-lo porque a procura da verdade surge aqui acompanhada por «razões de incontestável interesse público», algo que acaba por ser aceite pelo Código Deontológico.
Nota 1: Como talvez alguns saibam, pertenci ao Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas para o biénio 2007-09, mas demiti-me em Julho do ano passado. Portanto, esta é uma opinião pessoal e que vale aqui que vale.
Nota 2: Subscrevo inteiramente esta opinião de Manuel António Pina. Por razões que deveriam ser óbvias, menos para alguns.
A propósito da corrupção, um pouco de publicidade
Supondo que houve corrupção...
2/09/2009
Freeport, o romance
E se fosse por cá?
2/06/2009
Eu mando! Será mesmo assim?
Ora, acontece que, como se explica aqui na notícia do Público, o poder do Governo português na decisão é tão-só participar na consulta pública do estudo de impacte ambiental que será analisado pelo Governo espanhol. Em traços gerais, o Governo português está, neste processo perante as autoridades espanholas, como um cidadão ou uma associação ambientalista portuguesa está perante um estudo de impacte ambiental num projecto nacional que seja analisado pelas autoridades ambientais lusitanas. Ou seja, dá um parecer, tentando influenciar a decisão.
Mas, pergunta, pertinente, como têm sido, cá no burgo, tratados os pareceres das associações ambientalistas e cidadãos em sede de consulta pública dos estudos de impacte ambiental. Primeiro, convém referir que, quando Sócrates era ministro do Ambiente, acabou com as audiências públicas - reuniões abertas ao público onde se discutia o projectos e com incómoda cobertura jornalística. Depois, convém dizer que não me recordo nos últimos 10 anos (se recuar mais alguns anos, já encontro um ou dois casos) de uma situação em que um projecto tenha sido «chumbado» exclusivamente por oposição das populações ou de associações.
Posto isto, para dizer que a influência de Portugal para a construção ou não da refinaria em Badajoz será nula. Tanto por as convenções não darem poder algum à parte nacional (apenas o direito de participação) quer pela postura do Governo português quando está na cadeira do decisor.
A crise também chega aos PIN
Os amigos do costume
Nota: Mais desenvolvimentos, aqui no Diário de Notícias.
2/05/2009
Interessante negócio
A confusão, a ver se pega...
Primeiro, estranho que haja um ofício de Novembro de 2003 (mais de um ano e meio depois da declaração de impacte ambiental) a fazer referências à (des)necessidade de estudo de impacte ambiental ao Freeport. Por que carga de água a CCDRLVT faz essa defesa?
Segundo, esse documento da CCDRLVT parece querer dizer mais ou menos isto: eh pá, isto nem era preciso, mas o Ministério do Ambiente está tão preocupado com o ambiente que obrigámos os promotores a fazer uma coisa que nem era preciso. Ora, isto é uma parvoíce autêntica.
Na verdade, basta ler o Decreto-Lei 69/90 de 3 de Maio para ver que não existem quaisquer dúvidas para a obrigatoriedade de estudo de impacte ambiental para um outlet daquela natureza, tanto mais que aquela zona nem sequer estava abrangida por PDM efectivo. Com efeito, na página 1799 do Diário da República, daquele dia 3 de Maio, que apresenta a lista de infra-estruturas que têm de ser sujeitas a estudo de impacte ambiental, observa-se bem que as unidades comerciais de dimensão relevante (ucdr) com área superior a 0,5 hectares, se for em zonas sensíveis (áreas protegidas nacionais ou Rede Natura, incluindo ZPEs) ou superior a 1,5 hectares se fora dessas zonas têm de ser sujeitas a estudo de impacte ambiental. Ora, apenas a parte do outlet, excluindo zonas de apoio, tem uma área de 12,7 hectares.
Além disso, na mesma listagem do Decreto-Lei refere-se também que se torna obrigatório estudo de impacte ambiental para parques de estacionamento com mais de 1 hectare em zonas sensíveis e mais de 2 hectares fora dessas zonas. Ora, mesmo tendo havido uma redução da área de estacionamento entre o projecto reprovado e o aprovado, o Freeport ficou com uma zona de estacionamento à superfície (integralmente dentro da ZPE) de 4,5 hectares. Concluindo: se projectos há que têm de ter estudo de impacte ambiental, este era um daqueles em que jamais podem existir dúvidas.
Portanto, façam-nos um favor: não nos atirem areia para os olhos. E talvez fosse conveniente que a comunicação social tivesse um olhar mais crítico perante alguns documentos que lhes fazem passar. Não digo que recusem divulgar essa informação, mas talvez tivesse sido conveniente que o jornalista fosse ao Decreto-Lei e visse - e transmitisse - aquilo que aqui se expõe - isto é, a legislação.
2/04/2009
A falta de memória
Nota (humoristica): Com tanta falta de memória, vai-se a ver e nem o corruptor se lembra que corrompeu, nem o corrupto de lembra que foi corrompido...
Singela sugestão
2/03/2009
Corrupção e interesse público, conceitos...
Assim, no caso de corrupção para acto ilícito (ou seja, alguém da Administração Pública recebe suborno para autorizar algo ilegal, que não poderia ser aprovado), há uma lesão do interesse público (a aprovação) e uma «compensação indevida» por parte do agente da Administração Pública (suborno).
No caso da corrupção para acto lícito (ou seja, alguém da Administração Pública, abusando do seu poder, recebe suborno para autorizar algo legal, que deveria ser sempre aprovado), existe um benefício para o interesse público (a aprovação) e uma «compensação indevida» por parte do agente da Administração Pública.
Donde se conclui que pode haver corrupção quer nas situações de lesão do interesse público quer nas situações em que até há benefício do interesse público. O cerne está no agente que se corrompe.
Atenção, muita atenção
Na minha opinião, neste processo existe uma certeza e duas dúvidas (legítimas e que , por agora, jogam, por razões de justiça, a favor daqueles que estão sob suspeição). A certeza é que o processo de aprovação do Freeport, depois de um justo chumbo, beneficiou uma aceleração nos trâmites processuais da avaliação de impacte ambiental, como tenho escrito por aqui, sem necessidade que a justificasse. Convém também referir as dúvidas são legítimas por quem as têm por via da certeza que expus acima.
As dúvidas são de duas ordens. A primeira sobre a legalidade dessa aprovação. Embora a declaração de impacte ambiental de Março de 2002, independentemente dessa inusitada aceleração, seja válida e legítima, desconheço ainda o teor do parecer do Instituto de Conservação da Natureza. Esse aspecto é de enorme relevância, porquanto o Plano de gestão da ZPE do estuário do Tejo(Portaria 670-A/99) determina que o parecer do ICN em relação a projectos inseridos em Rede Natura (incluindo ZPE) é vinculativo. Ou seja, tem mais força do que a declaração de impacte ambiental. No entanto, convém saber também se, porventura, houve um deferimento tácito no segundo processo de EIA do Freeport, uma vez que na portaria estabelece essa hipótese se o ICN não der esse parecer ao fim de 45 dias. Aliás, é pena que o Ministério Público aparentemente não está a analisar (se é que está a analisar alguma coisa) a questão da legalidade da aprovação.
A segunda dúvida, remete-nos para a questão da corrupção. E essa, pelo que se viu ontem no Prós & Contras e do trabalho do Ministério Público, bem podemos esperar sentados. E pior ainda, vai-se ver por aí muitas tácticas de contra-informação, para aumentar a entropia e tudo isto ficar em águas de bacalhau, até por saturação da opinião pública.
Declaração
Conclusão do Prós & Contras
Nota: Voltarei ao assunto, em breve.