Farpas Verdes LXI
A publicidade que enxameia os out-doors em Lisboa - talvez também noutras cidades - em que uma entidade não identificada (mas que presumo seja o nosso Governo) se congratula com as evoluções que a Revolução de 1974 trouxe em 30 anos de democracia, dá-me raiva. Parece os pregões da banha da cobra. Ele são a inflação a descer, ele são as mulheres que se licenciam, ele são a taxa de mortalidade infantil a descer. Ele são as casas já com electricidade. Ele são só coisas boas.
Caramba, mas, pergunto, o que seria suposto acontecer em 30 anos com tantas mudanças e evoluções tecnológicas, científicas, com tantos apoios comunitários? Será que os outros países estagnaram e só nós evoluímos? Claro que não, pelo contrário. Cada vez estamos mais afastados, em termos absolutos, de vários itens socio-económicos a nível da União Europeia. Claro que já não temos casos de cólera, como nos anos 70, mas temos ainda a pior qualidade da água para consumo humano. Temos um país mais desordenado e caótico. Temos uma floresta a desaparecer à conta dos fogos (a um ritmo quatro vezes superior ao que ocorria nos anos 70). Temos uma degradação generalizada das nossas áreas protegidas, abandonadas ou inundadas de betão. Temos uma poluição do ar cada vez mais asfixiante.
Enfim, melhorámos, pois melhorámos. Mas pouco. E em alguns casos, bastante mal. Não temos motivos para nos regozijar. E o decoro recomendaria a evitar gastar dinheiro em publicidade desnecessária. Quando as melhorias são evidentes não nos precisam de dizer.
4/27/2004
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