4/16/2004

Farpas Verdes LXIII

Delgado Domingos, o decano da Universidade Técnica de Lisboa, foi absolvido anteontem das acusações de difamação por, em 2000, ter considerado que o relatório da então Comissão (pouco) Científica (e ainda menos) Independente da Co-Incineração era uma «fraude científica». A juíza considerou, e muito bem, que «a crítica, ainda que contundente (...) é, por excelência, o motor da evolução». Nem mais. Pena foi que quem critica tenha que responder em tribunal (mesmo sendo absolvido) e quem não cumpre as suas funções nada lhe acontece.

A situação de Delgado Domingos lembra-me as duas vezes que fui a tribunal: em Amarante, por ter feito, em 1997 um ranking ambiental das autarquias e esse concelho ficou em último; mais tarde, por um conjunto de artigos na Grande Reportagem e Expresso sobre umas negociatas com terrenos em Benavente. No primeiro caso, fui absolvido; no segundo, o Ministério Públco arquivou (não foi por prescrição, foi por eu nada se incorrecto ter escrito). Mas mesmo considerando estas duas situações uma «honra», não deixa de sentir um certo amargo na boca. Afinal, no meio destas histórias, quem se portou mal? O denunciante ou o denunciado? E por que carga de água, o denunciante é julgado, ainda por cima acusado pelo denunciado?

P.S. Coloquei no Reportagens Ambientais um texto que publiquei no Expresso na edição de 27 de Maio de 2000 sobre os erros que a Comissão Científica Independente cometeu. Eram tantos que se fossem cometidos num trabalho de licenciatura, os alunos chumbavam. Acontece que os membros da CCI eram e são professores universitários.

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