5/18/2007

A negra herança de António Costa

Com a saída de António Costa do Governo, o Partido Socialista mantém a tradição de nunca conseguir ter um ministro da Administração Interna mais de dois anos a tratar dos fogos. Como já aqui, no ano passado, tinha referido, nos 10 Governo formados, desde 1983, pelo Partido Socialista (incluindo os do Bloco Central na primeira metade dos anos 80), houve apenas seis ministros que tiveram que «tratar» dos fogos no Verão: Eduardo Pereira (1983 e 1984), Alberto Costa (1996 e 1997), Jorge Coelho (1998 e 1999), Fernando Gomes (2000), Severiano Teixeira (2001) e António Costa (2005 e 2006)*.

Como sempre aconteceu, nenhum ministro da Administração Interna, incluindo os do PSD, se «queimou» politicamente com os fogos. António Costa não foi excepção. Mas chateia-me um pouco que a poderosíssima máquina de propaganda do Governo (seguida por parte da comunicação social) o mostre como um ministro que conseguiu impor medidas eficazes no combate aos incêndios florestais, apenas por no ano passado terem ardido cerca de 75 mil hectares.

E chateia-me porque, na verdade, os números mostram que, em termos de Governos do Partido Socialista, António Costa foi o ministro que deixou o país mais carbonizado. Se não acreditam, vejam, o ranking dos ministros da Administração Interna de Governos integrando os socialistas desde 1983, por ordem crescente de área ardida no respectivo ano:

1º - Alberto Costa (1997) - 30.535 hectares
2º - Eduardo Pereira (1983) - 47.812 hectares
3º - Eduardo Pereira (1984) - 52.713 hectares
4º - Jorge Coelho (1999) - 70.613 hectares
5º - António Costa (2006) - 75.510 hectares
6º - Alberto Costa (1996) - 88.867 hectares
7º - Severiano Teixeira (2001) - 112.158 hectares
8º - Jorge Coelho (1998) - 158.369 hectares
9º - Fernando Gomes (2000) - 159.604 hectares
10º - António Costa (2005) - 325.226 hectares

Não parece que tenha sido um desempenho famoso. Mas se considerarmos a média por ano, para obter o ranking do desempenho dos ministros, temos então o seguinte resultado (do melhor - ou menos mau - para o pior):

Eduardo Pereira - 50.263 hectares
Alberto Costa - 59.701 hectares
Jorge Coelho - 114.491 hectares
Severiano Teixeira - 112.158 hectares
Fernando Gomes - 159.604 hectares
António Costa - 200.368 hectares

Ou seja, António Costa foi o pior, sem contestação. Mais palavras são desnecessárias, julgo eu.

Nota: * Convém referir que Eduardo Pereira foi ministro da Administração Interna até 12 de Julho de 1985; a partir dessa data o Governo mudou para o PSD. E Fernando Gomes não terminou todo o Verão de 2000, tendo sido substituído por Severiano Teixeira em 14 de Setembro.