Como sempre aconteceu, nenhum ministro da Administração Interna, incluindo os do PSD, se «queimou» politicamente com os fogos. António Costa não foi excepção. Mas chateia-me um pouco que a poderosíssima máquina de propaganda do Governo (seguida por parte da comunicação social) o mostre como um ministro que conseguiu impor medidas eficazes no combate aos incêndios florestais, apenas por no ano passado terem ardido cerca de 75 mil hectares.
E chateia-me porque, na verdade, os números mostram que, em termos de Governos do Partido Socialista, António Costa foi o ministro que deixou o país mais carbonizado. Se não acreditam, vejam, o ranking dos ministros da Administração Interna de Governos integrando os socialistas desde 1983, por ordem crescente de área ardida no respectivo ano:
1º - Alberto Costa (1997) - 30.535 hectares
2º - Eduardo Pereira (1983) - 47.812 hectares
3º - Eduardo Pereira (1984) - 52.713 hectares
4º - Jorge Coelho (1999) - 70.613 hectares
5º - António Costa (2006) - 75.510 hectares
6º - Alberto Costa (1996) - 88.867 hectares
7º - Severiano Teixeira (2001) - 112.158 hectares
8º - Jorge Coelho (1998) - 158.369 hectares
9º - Fernando Gomes (2000) - 159.604 hectares
10º - António Costa (2005) - 325.226 hectares
Não parece que tenha sido um desempenho famoso. Mas se considerarmos a média por ano, para obter o ranking do desempenho dos ministros, temos então o seguinte resultado (do melhor - ou menos mau - para o pior):
Eduardo Pereira - 50.263 hectares
Alberto Costa - 59.701 hectares
Jorge Coelho - 114.491 hectares
Severiano Teixeira - 112.158 hectares
Fernando Gomes - 159.604 hectares
António Costa - 200.368 hectares
Ou seja, António Costa foi o pior, sem contestação. Mais palavras são desnecessárias, julgo eu.
Nota: * Convém referir que Eduardo Pereira foi ministro da Administração Interna até 12 de Julho de 1985; a partir dessa data o Governo mudou para o PSD. E Fernando Gomes não terminou todo o Verão de 2000, tendo sido substituído por Severiano Teixeira em 14 de Setembro.