No passado dia 7, João Morgado Fernandes (JMF) escreveu no editorial do Diário de Notícias, algo que faz todo o sentido: «(...) em Portugal, a generalidade dos protagonistas do espaço mediático joga permanentemente na falta de memória das pessoas. Não são apenas os políticos a esquecerem-se das promessas que fazem, são igualmente os comentadores e outros frequentadores dos media que, com grande à-vontade e por vezes até algum brilhantismo, dizem e contradizem tudo e mais alguma coisa».
No balanço que ele fez (ainda sem o ano acabar) refere que «os agentes com responsabilidade no combate às chamas estão de parabéns, a começar pelo Governo, que definiu novas estratégias de combate e reorganizou e reequipou o sector». Vejamos se a própria memória não terá traído JMF ou se são os «outros» - no lote dos quais me incluo e que critica a «propaganda» do actual Ministério da Administração Interna - que estão errados.
Por isso, fui fazer um pequeno exercício de rememorização, para ver se o actual ministro da Administração Interna tem assim tantos motivos para sorrir e mais merecer rasgados elogios. Ou seja, mesmo no seio do Partido Socialista, António Costa será um «fora de série», devendo nós prestar-lhe os reverentes agradecimentos por o país arder «tão pouco» este Verão? E se assim é, o povo não estará a ser ingrato, devendo assim, em massa, congratular-se efusivamente pela graça de ser administrado por este Governo que nos livra da desgraça dos fogos?
Fui ver então nos últimos 25 anos, o «desempenho» dos diversos ministros da Administração Interna que, durante o Verão, estiveram em funções num Governo socialista. Atenção, não quis comparar Governos do PS com Governos do PSD. Quis saber apenas se o actual ministro António Costa está a obter melhores resultados do que os seus antecessores também socialistas.
Pois bem, nos 10 Governo formados, desde 1983, pelo Partido Socialista (incluindo os do Bloco Central na primeira metade dos anos 80), houve apenas seis ministros que tiveram que «tratar» dos fogos no Verão: Eduardo Pereira (1983 e 1984), Alberto Costa (1996 e 1997), Jorge Coelho (1998 e 1999), Fernando Gomes (2000), Severiano Teixeira (2001) e António Costa (2005 e 2006).
Convém referir que Eduardo Pereira foi ministro da Administração Interna ainda até 12 de Julho de 1985; a partir dessa data o Governo mudou para o PSD. E Fernando Gomes não terminou todo o Verão de 2000, tendo sido substituído por Severiano Teixeira em 14 de Setembro.
E os resultados são os seguintes, em relação à área ardida para o ano completo (do melhor para o pior)
1º - Alberto Costa (1997) - 30.535 hectares
2º - Eduardo Pereira (1983) - 47.812 hectares
3º - Eduardo Pereira (1984) - 52.713 hectares
4º - António Costa (2006) - 61.000 hectares (valor indicado pela UE até 31 de Agosto; estimo, contudo, que o valor actual atinja já cerca de 80 mil hectares)
5º - Jorge Coelho (1999) - 70.613 hectares
6º - Alberto Costa (1996) - 88.867 hectares
7º - Severiano Teixeira (2001) - 112.158 hectares
8º - Jorge Coelho (1998) - 158.369 hectares
9º - Fernando Gomes (2000) - 159.604 hectares
10º - António Costa (2005) - 325.226 hectares
Ou seja, o ministro António Costa acabará, muito provavelmente, o seu segundo ano de desempenho ministerial na Administração Interna com um «honroso» 5º (este ano, na melhor das hipóteses, tendo em conta as actualizações na área ardida) e um 10º lugar (em 2005, o pior ano dos Governos socialistas). Se ainda comparamos a «perfomance» global apenas dos ministros socialistas que tiveram dois anos na Administração Interna, temos o seguinte balanço:
Eduardo Pereira - 100.525 hectares
Alberto Costa - 119.402 hectares
Jorge Coelho - 228.982 hectares
António Costa - 386.226 hectares (o ano de 2006 apenas com dados até 31 de Agosto)
Os resultados são tão evidentes que nem merecem mais comentários. Mas o seu actual colega da Justiça (Alberto Costa) deve estar a questionar-se por que razão não teve, há uma década (quando era ministro da Administração Interna), tantos elogios como os que tem agora António Costa...
Nota 1: Prometo fazer, quando tiver tempo, um «ranking» de todos os ministros da Administração Interna, incluindo portanto os do PSD...
No balanço que ele fez (ainda sem o ano acabar) refere que «os agentes com responsabilidade no combate às chamas estão de parabéns, a começar pelo Governo, que definiu novas estratégias de combate e reorganizou e reequipou o sector». Vejamos se a própria memória não terá traído JMF ou se são os «outros» - no lote dos quais me incluo e que critica a «propaganda» do actual Ministério da Administração Interna - que estão errados.
Por isso, fui fazer um pequeno exercício de rememorização, para ver se o actual ministro da Administração Interna tem assim tantos motivos para sorrir e mais merecer rasgados elogios. Ou seja, mesmo no seio do Partido Socialista, António Costa será um «fora de série», devendo nós prestar-lhe os reverentes agradecimentos por o país arder «tão pouco» este Verão? E se assim é, o povo não estará a ser ingrato, devendo assim, em massa, congratular-se efusivamente pela graça de ser administrado por este Governo que nos livra da desgraça dos fogos?
Fui ver então nos últimos 25 anos, o «desempenho» dos diversos ministros da Administração Interna que, durante o Verão, estiveram em funções num Governo socialista. Atenção, não quis comparar Governos do PS com Governos do PSD. Quis saber apenas se o actual ministro António Costa está a obter melhores resultados do que os seus antecessores também socialistas.
Pois bem, nos 10 Governo formados, desde 1983, pelo Partido Socialista (incluindo os do Bloco Central na primeira metade dos anos 80), houve apenas seis ministros que tiveram que «tratar» dos fogos no Verão: Eduardo Pereira (1983 e 1984), Alberto Costa (1996 e 1997), Jorge Coelho (1998 e 1999), Fernando Gomes (2000), Severiano Teixeira (2001) e António Costa (2005 e 2006).
Convém referir que Eduardo Pereira foi ministro da Administração Interna ainda até 12 de Julho de 1985; a partir dessa data o Governo mudou para o PSD. E Fernando Gomes não terminou todo o Verão de 2000, tendo sido substituído por Severiano Teixeira em 14 de Setembro.
E os resultados são os seguintes, em relação à área ardida para o ano completo (do melhor para o pior)
1º - Alberto Costa (1997) - 30.535 hectares
2º - Eduardo Pereira (1983) - 47.812 hectares
3º - Eduardo Pereira (1984) - 52.713 hectares
4º - António Costa (2006) - 61.000 hectares (valor indicado pela UE até 31 de Agosto; estimo, contudo, que o valor actual atinja já cerca de 80 mil hectares)
5º - Jorge Coelho (1999) - 70.613 hectares
6º - Alberto Costa (1996) - 88.867 hectares
7º - Severiano Teixeira (2001) - 112.158 hectares
8º - Jorge Coelho (1998) - 158.369 hectares
9º - Fernando Gomes (2000) - 159.604 hectares
10º - António Costa (2005) - 325.226 hectares
Ou seja, o ministro António Costa acabará, muito provavelmente, o seu segundo ano de desempenho ministerial na Administração Interna com um «honroso» 5º (este ano, na melhor das hipóteses, tendo em conta as actualizações na área ardida) e um 10º lugar (em 2005, o pior ano dos Governos socialistas). Se ainda comparamos a «perfomance» global apenas dos ministros socialistas que tiveram dois anos na Administração Interna, temos o seguinte balanço:
Eduardo Pereira - 100.525 hectares
Alberto Costa - 119.402 hectares
Jorge Coelho - 228.982 hectares
António Costa - 386.226 hectares (o ano de 2006 apenas com dados até 31 de Agosto)
Os resultados são tão evidentes que nem merecem mais comentários. Mas o seu actual colega da Justiça (Alberto Costa) deve estar a questionar-se por que razão não teve, há uma década (quando era ministro da Administração Interna), tantos elogios como os que tem agora António Costa...
Nota 1: Prometo fazer, quando tiver tempo, um «ranking» de todos os ministros da Administração Interna, incluindo portanto os do PSD...
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