O Instituto de Meteorologia apresentou hoje o habitual resumo climatológico mensal relativo a Agosto. É um pequeno documento de quatro páginas (portanto, uma síntese), mas peca obviamente por ser enviesado e ir ao encontro daquilo que os nossos governantes tanto gostam para justificar os incêndios: esteve muito calor, sobretudo no período entre os dias 2 e 13, e a partir do dia 20. E O instituto de Meteorologia faz o favor e destaca a ocorrência de ondas de calor e até chega a dizer enigmaticamente que o mês de Agosto «ficará entre os 15 mais quentes», como se o 15º lugar fosse igual ao 1º lugar...
Porém, intercalando estes períodos, como certamente se recordam, choveu que se fartou, sobretudo entre 17 e 19 de Agosto. E tem sido isso que faz com que os incêndios ainda não tenham eclodido na sua máxima força (a minha tese, como já defendi, é que se torna «necessário» duas semanas sem chuva no Verão para começarmos a ter incêndios de grandes dimensões). Porém, o relatório do Instituto de Meteorologia quase ignora o aspecto da precipitação, dedicando-lhe menos de 1/8 das páginas. Apenas faz uma pequena referência no final da primeira página e outra no final da última, onde se fica a saber que «nas regiões do interior e Sul (de Portugal) os valores elevados da quantidade de precipitação nos dias 17 a 19, (foram) muito superiores aos valores médios mensais». Em quanto, não se sabe. Mas o único valor de referência para se inferir uma dimensão é em Bragança - o local onde choveu mais no território português -, que registou uma percipitação mais de quatro vezes superior à média. Ou seja, em Agosto houve uma bênção dos Céus que ajudou a que não ardesse mais; mas o Instituto de Meteorologia parece querer ignorar...
Nota 1: Claro que não me admirará nada que as notícias de amanhã na comunicação social destaquem apenas que Agosto foi muito quente e que mesmo assim não houve muita destruição da floresta...
Nota 2 - Era suposto que a Direcção-Geral dos Recursos Florestais apresentasse hoje o relatório dos incêndios. Não o fez, o que não se justifica. Em Portugal, não há prazos a cumprir.
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