Na vida cometem-se erros. Por vezes, mesmo quando não se quer admitir, arrependemo-nos. E eu aqui estou a arrepender-me de vários «erros» cometidos em curto espaço de tempo. O primeiro «erro»: ter olhado no dia 30 de Setembro passado para o boletim hidrológico semanal do Ministério do Ambiente de Espanha e ter reparado que o caudal do Guadiana em Badajoz estava a zero. E, não satisfeito com este meu «erro», ainda fui olhar para as afluências à albufeira de Alqueva, constante no site do Instituto da Água, e ter reparado em muitos dias sem chegada de água.
Mas, pior ainda, nesta sucessão de «erros», o maior foi propor à Direcção do Diário de Notícias a publicação de um artigo, baseando-me em dados documentais e nos meus conhecimentos técnicos em hidráulica e hidrologia. Não imaginava em que «pântano» me ia meter.
De facto, a notícia até foi publicada (vd. aqui) e com manchete. Mas mereceu logo um direito de resposta do Instituto da Água no dia seguinte. Nova notícia publiquei no dia 1 de Agosto (vd aqui), mas o Instituto da Água já nem quis saber das minhas perguntas, que sem resposta ficaram. Nem o Diário de Notícias quis saber da minha credibilidade e rigor.
Dois dias depois veio o «resultado»: em 3 de Setembro, a Direcção do Diário de Notícias, sem me avisar, autoriza a publicação de um novo - e mais extenso - direito de resposta do presidente do Instituto da Água, que teve assim a liberdade de escrever, entre outras coisas, que o conteúdo das minhas notícias era «incorrecto, destituído de qualquert fundamento e por isso totalmente falso» e de conter «um conjunto de aspectos que enfermam de incorrecções de índole técnica». Além disso, deturpava o sentido de várias frases dos meus artigo e nem sequer referia, obviamente, que se recusara a responder às questões que lhe tinham sido colocadas para a elaboração das notícias.
Ainda admiti que a publicação daquele direito de resposta do Instituto da Água se poderia atribuir a um lapso da Direcção do Diário de Notícias. E que poderia ser corrigido. Por isso, propus ao director-adjunto do DN, João Morgado Fernandes, a publicação de um esclarecimento da minha autoria, mas devendo ser dado o mesmo destaque ao direito de resposta do Instituto da Água. Insisti em demonstrar - para além dos dados que o Diário de Notícias já possuía - que a informação que transmitira nas notícias era correcta e baseada em dados oficiais, que estavam consultáveis mesmo na Internet. O João Morgado Fernandes não aceitou estas duas premissas e o Diário de Notícias nada publicou.
Recorri, portanto, como recurso, à legislação para que o texto fosse publicado, ao abrigo da Lei de Imprensa - que abrange, presumi, todos os cidadãos. Novo «erro». Hoje recebo uma carta do director do DN, António José Teixeira, que refere que «em nosso entender, a invocação do Direito de Resposta por um jornalista, nessa qualidade, não se enquadra na letra e no espírito da Lei de Imprensa», recusando a publicação do meu texto ao abrigo da Lei da Imprensa.
Como jornalista não tenho palavras para descrever esta atitude. Como cidadão não quero acreditar que um jornalista perca os seus direitos de cidadania por via da sua profissão. Como jornalista e cidadão não posso acreditar que outros jornalistas - circunstancialmente ocupando cargos de direcção - tenham atitudes déspotas, não se importando com a credibilidade dos outros jornalistas, nem como a credibilidade do próprio jornal perante os leitores (afinal, as notícias que publiquei são falsas ou verdadeiras?) e fazendo interpretações legais que, no mínimo, são perigosas para todos os profissionais da imprensa.
Em suma, certos jornais, mesmo tendo (ainda) bons profissionais, tornaram-se sítos cada vez menos recomendáveis. Aliás, longe vão os tempos em que via esta como uma das profissões mais nobres. Esse foi, aliás, o meu maior «erro». A rectidão e a seriedade acabam, neste mundo pantanoso, por ser sinónimo de ingenuidade. E a ingenuidade, em Portugal, paga-se bem cara.
P.S. A minha carreira de jornalista quase de certeza acaba com este episódio (no DN, a minha colaboração, que era pontual, cessou por minha vontade logo que foi publicado o direito de resposta do presidente do Instituto da Água). Mas não vou desistir dos meus direitos como cidadão: se a lei existe neste país, o meu direito de resposta será publicado. É uma questão de princípio.
Mas, pior ainda, nesta sucessão de «erros», o maior foi propor à Direcção do Diário de Notícias a publicação de um artigo, baseando-me em dados documentais e nos meus conhecimentos técnicos em hidráulica e hidrologia. Não imaginava em que «pântano» me ia meter.
De facto, a notícia até foi publicada (vd. aqui) e com manchete. Mas mereceu logo um direito de resposta do Instituto da Água no dia seguinte. Nova notícia publiquei no dia 1 de Agosto (vd aqui), mas o Instituto da Água já nem quis saber das minhas perguntas, que sem resposta ficaram. Nem o Diário de Notícias quis saber da minha credibilidade e rigor.
Dois dias depois veio o «resultado»: em 3 de Setembro, a Direcção do Diário de Notícias, sem me avisar, autoriza a publicação de um novo - e mais extenso - direito de resposta do presidente do Instituto da Água, que teve assim a liberdade de escrever, entre outras coisas, que o conteúdo das minhas notícias era «incorrecto, destituído de qualquert fundamento e por isso totalmente falso» e de conter «um conjunto de aspectos que enfermam de incorrecções de índole técnica». Além disso, deturpava o sentido de várias frases dos meus artigo e nem sequer referia, obviamente, que se recusara a responder às questões que lhe tinham sido colocadas para a elaboração das notícias.
Ainda admiti que a publicação daquele direito de resposta do Instituto da Água se poderia atribuir a um lapso da Direcção do Diário de Notícias. E que poderia ser corrigido. Por isso, propus ao director-adjunto do DN, João Morgado Fernandes, a publicação de um esclarecimento da minha autoria, mas devendo ser dado o mesmo destaque ao direito de resposta do Instituto da Água. Insisti em demonstrar - para além dos dados que o Diário de Notícias já possuía - que a informação que transmitira nas notícias era correcta e baseada em dados oficiais, que estavam consultáveis mesmo na Internet. O João Morgado Fernandes não aceitou estas duas premissas e o Diário de Notícias nada publicou.
Recorri, portanto, como recurso, à legislação para que o texto fosse publicado, ao abrigo da Lei de Imprensa - que abrange, presumi, todos os cidadãos. Novo «erro». Hoje recebo uma carta do director do DN, António José Teixeira, que refere que «em nosso entender, a invocação do Direito de Resposta por um jornalista, nessa qualidade, não se enquadra na letra e no espírito da Lei de Imprensa», recusando a publicação do meu texto ao abrigo da Lei da Imprensa.
Como jornalista não tenho palavras para descrever esta atitude. Como cidadão não quero acreditar que um jornalista perca os seus direitos de cidadania por via da sua profissão. Como jornalista e cidadão não posso acreditar que outros jornalistas - circunstancialmente ocupando cargos de direcção - tenham atitudes déspotas, não se importando com a credibilidade dos outros jornalistas, nem como a credibilidade do próprio jornal perante os leitores (afinal, as notícias que publiquei são falsas ou verdadeiras?) e fazendo interpretações legais que, no mínimo, são perigosas para todos os profissionais da imprensa.
Em suma, certos jornais, mesmo tendo (ainda) bons profissionais, tornaram-se sítos cada vez menos recomendáveis. Aliás, longe vão os tempos em que via esta como uma das profissões mais nobres. Esse foi, aliás, o meu maior «erro». A rectidão e a seriedade acabam, neste mundo pantanoso, por ser sinónimo de ingenuidade. E a ingenuidade, em Portugal, paga-se bem cara.
P.S. A minha carreira de jornalista quase de certeza acaba com este episódio (no DN, a minha colaboração, que era pontual, cessou por minha vontade logo que foi publicado o direito de resposta do presidente do Instituto da Água). Mas não vou desistir dos meus direitos como cidadão: se a lei existe neste país, o meu direito de resposta será publicado. É uma questão de princípio.
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