9/08/2006

O palheiro e o senhor comandante

Em relação ao incêndio de Murça, para a Lusa (take das 00h29 do dia 8), o Comandante do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Vila Real, Carlos Silva, disse que «não há neste momento povoações em perigo, mas durante o dia a povoação de Vale de Cunho esteve ameaçada e chegou a arder um palheiro». Um palheiro? Por amor de Deus, como foi possível os bombeiros deixarem destruir tamanha preciosidade?!

E ainda disse o mesmo comandante distrital que «o combate foi muito difícil durante o dia devido ao vento forte que mudava constantemente de direcção e porque o que está a arder é uma zona com muito mato e de difícil acesso». O senhor comandante tinha obrigação, pelo menos quando o fogo já levava 10 horas e tinha apenas 45 homens no terreno, de mandar mobilizar (ou pedir) mais meios, tanto mais que deveria saber que o vento pode tornar-se forte (até por acção do vento) e que o incêndio tinha probabilidades de seguir para zonas de dificil acesso. É por estas e por outras que eu acho que o país vai continuar a arder ano após ano se os senhores comandantes Carlos Silvas deste país continuarem em funções.

Nota 1 - Entretanto, um incêndio deflagrou em Caneças (Odivelas) às 00h40. Em menos de uma hora (escrevo às 01h30) estão já lá 100 bombeiros e 33 veículos. Percebem também por que não arde muito no distrito de Lisboa e arde muito em outras regiões perdidas do país. Pudera, se uma estratégia como a do fogo de Murça acontecesse perto de Lisboa, a comunicação social (ai sim) lembrava-se que as coisas continuam mal. Mas como, devido à pouca extensão da mancha florestal e ao ataque musculado, o incêndio vai, previsivelmente, durar pouco.

Sem comentários: