Os desmentidos e outras estórias aquosas
Consulta-se o site do Ministério do Ambiente de Espanha e verifica-se que o Guadiana estava seco na segunda-feira passada. Vai-se ao site do Instituto da Água e verifica-se que á entrada da albufeira de Alqueva, desde Maio, se registam 19 dias sem caudal e mais 15 com caudal residual (menos de 0,5 metros cúbicos por segundo). Portanto, dados oficiais, que podem se consultáveis. Pede-se o comentário ao Ministério do Ambiente sobre isto e escreve-se esta notícia, manchete de ontem do Diário de Notícias.
Reacções: de Espanha dizem que os seus dados estão errados por causa das férias de Verão; em Portugal, o Instituto da Água tenta desmentir, alegando que os caudais afluentes ao Alqueva não estão validados e apresenta valores de caudais junto à fronteira de uma estação que não é referência para o controlo do convénio ibérico e sobretudo por receber afluências de outros rios, já em território português. Por outro lado, apresenta valores de caudal recorrendo a médias móveis, que para quem está familiarizado com a estátistica, é uma forma engenhosa de eliminar os valores baixos (ou seja, os caudais zero).
Como a quase totalidade dos jornalistas pouco (ou nada) percebe de hidrologia e de estatística , divulgaram o desmentido do Instituto da Água como se esta entidade estivesse correcta e o jornalista fosse ignorante e mal intencionado. Hoje, no DN, sai um direito de resposta do Instituto da Água, mas também uma nova notícia da minha autoria que faz nova abordagem para «esclarecimento».
Em todo o caso, os diversos órgãos de comunicação social tinham a obrigação de salientar que, afinal, os desmentidos de Espanha e Portugal significa uma coisa: os dados oficiais publicados são afinal sempre «desmentíveis», se por acaso um jornalista que entenda dos assuntos descobre algo inconveniente...
Nota 1 - Esta questão merece, aliás, uma reflexão interessante. Se um jornalista especializado descobre algo - devido aos seus conhecimentos técnicos - sujeita-se a ser facilmente «desmentido», porque a entidade em causa se aproveita da «ignorância técnica» da generalidade dos outros jornalistas (porque em Portugal continua a apostar-se em jornalistas generalistas) para poder manipular a seu bel-prazer. Donde se conclui que em terra de cegos, quem tem olho pode ser, certo dia, acusado de estar a sofrer de alucinações. Em todo o caso, tive a total confiança da direcção do Diário de Notícias naquilo que escrevi ontem e hoje, o que me apraz registar com muito agrado.
Nota 2 - Esta foi uma daquelas notícias em que não consegui em «on» qualquer cometário de alguém especializado que apoiasse os meus textos - ninguém se quis expor. Optei, como sempre faço nestes casos, em assumir aquilo que apurava pela análise que fiz aos dados, pondo assim a «cabeça no cepo», porque confio naquilo que faço. Mas se não tivesse escrúpulos, poderia ter sempre metido na notícia de ontem qualquer coisa do género (é uma caricatura, claro): «Fonte do Ministério do Ambiente, sob anonimato, referiu ao DN que a ausência de caudal já fora detectada há semanas, mas que o Ministério dos Negócios retirou uma queixa forma a Madrid por receio de que os soldados portugueses a serem enviados para o Líbano fossem alvo de represálias pelas chefias espanholas». Tinha uma certa piada e eu, claro, refugiar-me-ia nas alegadas fontes anónimas para criar um facto político.
Consulta-se o site do Ministério do Ambiente de Espanha e verifica-se que o Guadiana estava seco na segunda-feira passada. Vai-se ao site do Instituto da Água e verifica-se que á entrada da albufeira de Alqueva, desde Maio, se registam 19 dias sem caudal e mais 15 com caudal residual (menos de 0,5 metros cúbicos por segundo). Portanto, dados oficiais, que podem se consultáveis. Pede-se o comentário ao Ministério do Ambiente sobre isto e escreve-se esta notícia, manchete de ontem do Diário de Notícias.
Reacções: de Espanha dizem que os seus dados estão errados por causa das férias de Verão; em Portugal, o Instituto da Água tenta desmentir, alegando que os caudais afluentes ao Alqueva não estão validados e apresenta valores de caudais junto à fronteira de uma estação que não é referência para o controlo do convénio ibérico e sobretudo por receber afluências de outros rios, já em território português. Por outro lado, apresenta valores de caudal recorrendo a médias móveis, que para quem está familiarizado com a estátistica, é uma forma engenhosa de eliminar os valores baixos (ou seja, os caudais zero).
Como a quase totalidade dos jornalistas pouco (ou nada) percebe de hidrologia e de estatística , divulgaram o desmentido do Instituto da Água como se esta entidade estivesse correcta e o jornalista fosse ignorante e mal intencionado. Hoje, no DN, sai um direito de resposta do Instituto da Água, mas também uma nova notícia da minha autoria que faz nova abordagem para «esclarecimento».
Em todo o caso, os diversos órgãos de comunicação social tinham a obrigação de salientar que, afinal, os desmentidos de Espanha e Portugal significa uma coisa: os dados oficiais publicados são afinal sempre «desmentíveis», se por acaso um jornalista que entenda dos assuntos descobre algo inconveniente...
Nota 1 - Esta questão merece, aliás, uma reflexão interessante. Se um jornalista especializado descobre algo - devido aos seus conhecimentos técnicos - sujeita-se a ser facilmente «desmentido», porque a entidade em causa se aproveita da «ignorância técnica» da generalidade dos outros jornalistas (porque em Portugal continua a apostar-se em jornalistas generalistas) para poder manipular a seu bel-prazer. Donde se conclui que em terra de cegos, quem tem olho pode ser, certo dia, acusado de estar a sofrer de alucinações. Em todo o caso, tive a total confiança da direcção do Diário de Notícias naquilo que escrevi ontem e hoje, o que me apraz registar com muito agrado.
Nota 2 - Esta foi uma daquelas notícias em que não consegui em «on» qualquer cometário de alguém especializado que apoiasse os meus textos - ninguém se quis expor. Optei, como sempre faço nestes casos, em assumir aquilo que apurava pela análise que fiz aos dados, pondo assim a «cabeça no cepo», porque confio naquilo que faço. Mas se não tivesse escrúpulos, poderia ter sempre metido na notícia de ontem qualquer coisa do género (é uma caricatura, claro): «Fonte do Ministério do Ambiente, sob anonimato, referiu ao DN que a ausência de caudal já fora detectada há semanas, mas que o Ministério dos Negócios retirou uma queixa forma a Madrid por receio de que os soldados portugueses a serem enviados para o Líbano fossem alvo de represálias pelas chefias espanholas». Tinha uma certa piada e eu, claro, refugiar-me-ia nas alegadas fontes anónimas para criar um facto político.
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