9/07/2006

Um caso exemplar sobre o «deixa arder que é mato»

Pelas 04h49 de hoje (dia 7) eclodiu um incêndio em Murça, no distrito de Vila Real, em zona de matos. Apesar da existência de 24 corporações de bombeiros neste distrito - das quais seis só em Alijó, vizinho de Murça -, mais de seis horas depois (às 11h15) estavam a combater este incêndio apenas 26 bombeiros, apoiados por seis veículos e dois aerotanques, de acordo com um take da Lusa. Era mato, deixa arder...

De acordo com a mesma agência noticiosa, às 14h45 parecia que não havia problemas. Estavam no teatro das operações apenas 43 bombeiros, 11 veículos, mas também três meios aéreos. A Lusa salientava que este era, segundo o SNBPC, «o único incêndio activo no país».

Depois, às 19h55, a Lusa já adiantava que estavam 113 bombeiros, 30 veículos e dois meios aéreos. A noite chegou e às 21h44 estavam 124 bombeiros e 53 veículos.

Ouço agora a TSF que o fogo já lavra no concelho de Alijó, há aldeias em perigo e frentes de fogo com seis quilómetros de extensão. No site do SNBPC consta, actualmente (23h40), a presença de 240 bombeiros e 60 veículos. Em suma, deixou-se o fogo ganhar força durante horas e horas - e agora é o «ai Jesus» e a culpa do vento forte.

Questão pertinente: que medalha haveremos de dar ao SNBPC, ao coordenador distrital de Vila Real e aos bombeiros voluntários por este lindo serviço?

Nota 1 - Uma hora depois deste post, chegaram mais 46 bombeiros e 12 veículos. Ou seja, em uma hora (numa altura em que o mal estava feito) foram mobilizados mais meios humanos e materiais do que os que estavam no combate ao incêndio nas 10 primeiras horas de incêndio.

Nota 2 - Hoje de madrugada, antes de me ir deitar (cerca das 3h00), o fogo de Murça estava considerado circunscrito. Agora são 12h00 e ainda está circunscrito. Ou seja, continua a arder. Temos um fogo que arde, arde nove horas depois de ser circunscrito.

Sem comentários: