Para quem há três anos afirmava aqui: «nada percebo de política florestal, muito menos de combate a fogos», convenhamos que o João Morgado Fernandes (JMF), no French Kissin' (e também no DN, como se viu recentemente) farta-se agora de falar de incêndios. Hoje, muito a propósito e em tom jocoso, refere aqui os «incêndios gigantescos na Austrália e Estados Unidos» que viu na televisão. De facto, estamos sem dúvida perante «incêndios gigantescos», mas apenas lamento que a visão do JMF seja selectiva: quem o leu ficou sempre com a sensação de que em Portugal não tivemos, este ano, «incêndios gigantescos». Só há no estrangeiro, não aqui onde «o Governo está de parabéns».
Porém, vamos ver melhor os «incêndios ginantescos», por exemplo, na Califórnia, o Estado norte-americano mais afectado, tanto mais que o clima é mediterrânico. Ora, será que os tais «incêndios gigantescos» são ou não mais «gigantescos» do que os de Portugal neste ano em que «o Governo está de parabéns». Pois bem, olhando para os dados da Califórnia constantes na página do Incident Information System dos Estados Unidos (que tem a grande virtude de possuir uma actualização detalhada, com a área que já ardeu, mesmo quando os incêndios ainda se encontram activos - portanto, com um rigor de informação que está a milhas do pobre site do nosso SNBPC), verifica-se que desde o início do ano arderam neste Estado (incluindo os «incêndios gigantescos» de hoje) qualquer coisa como 141 mil hectares (o valor surge em acres, pelo que fiz a conversão). Ou seja, de facto, ardeu mais do que em Portugal este ano! Mas muito menos do que em 2003 ou 2005; e muito semelhantes a outros anos da última década.
Mas 141 mil hectares na Califórnia (que é 4,5 vezes o tamanho de Portugal) representa quanto em termos territoriais? Resposta: 0,3% (o que é, de qualquer modo, uma taxa bastante preocupante para um só ano). E em Portugal, quanto representam os 70 mil hectares (dados provisórios) ardidos neste ano em que «o Governo está de parabéns»? Resposta: 0,8%!
Moral da história 1: segundo JMF, Portugal não teve «incêndios gigantescos», mas vai-se a ver e ardeu proporcionalmente muito mais território lusitano (acima do dobro) do que num Estado norte-americano onde, segundo ele (e muito bem), existiram «incêndios gigantescos».
Moral da história 2: pode ser que JMF tenha aprendido, nos últimos anos, muita coisa sobre política florestal e combate aos fogos, mas se lhe fizessemos um exame, chumbava.
Nota 1: Suponho que não vale a pena argumentar que as condições meteorológicas que atingiram a Califórnia não se comparam às que apanhamos este ano. Os californianos tiveram ventos secos com 40 milhas por hora (cerca de 64 km/h) e raramente os ventos em Portugal ultrapassam, durante o Verão, os 30 km/h quando são de leste (os mais secos).
Nota 2: Curiosamente, JMF critica também hoje, num post, a «associação dos espectadores de televisão que todos os meses manda bitaites». Pela boca morre o peixe, lá diz o adágio.
Porém, vamos ver melhor os «incêndios ginantescos», por exemplo, na Califórnia, o Estado norte-americano mais afectado, tanto mais que o clima é mediterrânico. Ora, será que os tais «incêndios gigantescos» são ou não mais «gigantescos» do que os de Portugal neste ano em que «o Governo está de parabéns». Pois bem, olhando para os dados da Califórnia constantes na página do Incident Information System dos Estados Unidos (que tem a grande virtude de possuir uma actualização detalhada, com a área que já ardeu, mesmo quando os incêndios ainda se encontram activos - portanto, com um rigor de informação que está a milhas do pobre site do nosso SNBPC), verifica-se que desde o início do ano arderam neste Estado (incluindo os «incêndios gigantescos» de hoje) qualquer coisa como 141 mil hectares (o valor surge em acres, pelo que fiz a conversão). Ou seja, de facto, ardeu mais do que em Portugal este ano! Mas muito menos do que em 2003 ou 2005; e muito semelhantes a outros anos da última década.
Mas 141 mil hectares na Califórnia (que é 4,5 vezes o tamanho de Portugal) representa quanto em termos territoriais? Resposta: 0,3% (o que é, de qualquer modo, uma taxa bastante preocupante para um só ano). E em Portugal, quanto representam os 70 mil hectares (dados provisórios) ardidos neste ano em que «o Governo está de parabéns»? Resposta: 0,8%!
Moral da história 1: segundo JMF, Portugal não teve «incêndios gigantescos», mas vai-se a ver e ardeu proporcionalmente muito mais território lusitano (acima do dobro) do que num Estado norte-americano onde, segundo ele (e muito bem), existiram «incêndios gigantescos».
Moral da história 2: pode ser que JMF tenha aprendido, nos últimos anos, muita coisa sobre política florestal e combate aos fogos, mas se lhe fizessemos um exame, chumbava.
Nota 1: Suponho que não vale a pena argumentar que as condições meteorológicas que atingiram a Califórnia não se comparam às que apanhamos este ano. Os californianos tiveram ventos secos com 40 milhas por hora (cerca de 64 km/h) e raramente os ventos em Portugal ultrapassam, durante o Verão, os 30 km/h quando são de leste (os mais secos).
Nota 2: Curiosamente, JMF critica também hoje, num post, a «associação dos espectadores de televisão que todos os meses manda bitaites». Pela boca morre o peixe, lá diz o adágio.
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