Farpas Verdes I
Periodicamente, tenho o hábito (cada vez mais repugnante) de ir depositar as embalagens, que separo em casa (sem vantagens nenhumas a não ser éticas), aos ecopontos.
Depositar embalagens nos ecopontos, que se fique a saber, não constitui nenhum favor que as autarquias nos faz. A recolha que estas fazem é-lhes duplamente proveitosa (ou pelo menos, deveria assim ser): recebe a contrapartida da Sociedade Ponto Verde e alivia o sistema de eliminação de lixos; isto sem afectar a verba que recebe pela recolha e eliminação do nosso lixo. Ou seja, para as autarquias, o saldo económico é bastante positivo; o saldo ecológico e de sensibilização também é ou deveria ser.
Acontece que, infelizmente, em Lisboa (e não só), os ecopontos estão transformados em autênticas lixeiras. Existem várias razões, mas a culpa principal é das autarquias e da Sociedade Ponto Verde. Sei que algumas pessoas depositam essas embalagens todas misturadas, mas penso ser uma minoria.
Os maiores problemas são a ausência de planeamento na localização dos ecopontos (por exemplo, na minha zona, não tenho nenhum num raio de 300 metros, enquanto depois numa zona de serviços existem quatro ou cinco) e a fraca gestão (muitos ecopontos estão a abarrotar e estão constantemente imundos, afastando as pessoas).
Por outro lado, há pequenos pormenores que irritam quem deposita as embalagens. Exemplo disso, são os vidrões, para os quais nunca compreendi a sua estreita abertura que obriga a depositar as garrafas uma a uma. São aspectos que podem ser irrelevantes, mas que por irritantes podem afastar também as pessoas.
Mas sobretudo, para mim, o mais irritante é que mais de uma década depois de se começar a falar minimamente nos ecopontos, continue a cidade de Lisboa, praticamente quase toda, sem qualquer projecto de recolha selectiva porta-a-porta. Quando me vejo, a depositar as embalagens em ecopontos imundos, garrafa a garrafa, e distantes da minha casa, penso: mas por que hei-de ser parvo? Incomodo-me, pago a mesma taxa de saneamento, ainda estou a dar dinheiro à câmara e ela ainda se está nas tintas se os ecopontos são eficientes e se estão ou não limpos. Acho que um dia destes vou-me deixar destas parvoíces...
1/05/2004
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