1/10/2004

Farpas Verdes V

Pelo enésimo ano consecutivo, o Tribunal Constitucional detectou irregularidades e ilegalidades na contabilidade de todos os partidos políticos, nuns mais do que outros. Em traços gerais, aquilo que falta nessa contabilidade é algo que as Finanças nunca aceitariam em qualquer empresa ou contribuinte: contabilidade mal feita, receitas claramente inferiores às posses e ostentações, e despesas que não podem corresponder à verdade. Além disso, grande parte das secções concelhias não possuem contabilidade autónoma: aparece tudo no mesmo saco, sem se saber o que veio de cada sítios e de onde veio. Aliás, por lei aos partidos está vedado o acesso a donativos de empresas e os donativos individuais têm de ser declarados e entregues exclusivamente por cheque. Para que nada disto se saiba, os partidos políticos preferem pagar multas, que são sempre irrisórias.

Pergunta: o que tem isto a ver com ambiente? Tem, tem a ver imenso. Porque com tão opaco sistema de gestão, sabe Deus quais serão as proveniências das verbas. Aliás, seria interessante que alguém - por que não o Ministério Público - fizesse, por exemplo, um levantamento apenas das sedes partidárias e apurasse qual foi o valor da compra e quem foi o vendedor... para de seguida se avaliar que negócios imobiliários foram feitos por essas empresas nos respectivos municípios ou mesmo no país em geral. Encontrar-se-iam coisas bem interessantes, não duvidem.

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