1/16/2004

Farpas Verdes VII

No último ano não se cansaram as empresas imobiliárias de se lamentarem com a crise na construção. Neste caso, poder-se-ia pensar que há males que vêm por bem: poder-se-ia esperar um abrandamento na massificação urbana e as empresas apostariam na reabilitação dos degradados prédios que pululam no país.

Mas não. O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou ontem um nota de imprensa salientando que em Novembro de 2003, apesar de um decréscimo da ordem dos 14% no número de fogos novos licenciados pelas autarquias nos últimos 12 meses, houve regiões que nem souberam o que era a crise. Foi o caso da Grande Lisboa (acréscimo de 16%) e do Baixo Mondego (região de Coimbra, com acréscimo de 31%) e mesmo do Algarve (acréscimo de 4%).

Além disto, o país continua alheado à degradação do seu património habitacional. Embora 40% do parque habitacional do país esteja em mau estado de conservação - sendo de 65% nos concelhos de Lisboa e Porto -, isto é, qualquer coisa como 1,2 milhões prédios (dados do INE), a reabilitação continua o parente pobre do sector imobiliário. Entre Dezembro de 2002 e Novembro de 2003, somente um pouco menos de 14% das obras licenciadas pelas autarquias para fins habitacionais foram relativas a reabilitações. Tinha uma certa curiosidade em saber os dados referentes ao concelho de Lisboa. Mas, enfim, apesar dos outdoors espampanantes, a capital não deve estar longe dos dados nacionais (ou, se calhar, estará pior). Em termos de urbanismo, o país nunca mais tem emenda.

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