1/22/2004

Farpas Verdes IX

A pretexto do aumento dos transportes públicos da ordem dos 3,9% - acima da taxa de inflação prevista -, anunciada pelo ministro Carmona Rodrigues há dois argumentos que sinceramente não compreendo. Diz o ministro, para justificar o injustificável que "as coisas têm de ser analisadas ano a ano, mas também à luz do que aconteceu em anos anteriores. A tendência era para o preço dos transportes evoluírem abaixo da inflação e agora há um efeito de correcção". Não se compreende as razões desse efeito de correcção porquanto o problema está sobretudo nas taxas de ocupação (ou seja, na dificuldade de captar clientes) e nãos espere melhorias nesse aspecto com aumentos acima da taxa de inflação.

Por outro lado, diz o ministro, que a política do Governo é "privilegiar as pessoas que usam os transportes públicos com regularidade", ou seja, que compram o passe social, pelo que o aumento vai incidir sobretudo nos bilhetes avulso. Mais uma vez não se entende. Se bem me recordo, um estudo da Quercus feito há uns tempos mostrava que grande parte das pessoas da Margem Sul que rumavam a Lisboa usando transportes públicos não vinham todos os dias e que, dessa gforma, comprando bilhetes avulso lhes saía mais caro do que vir de automóvel. Eu, por exemplo, não tendo necessidade dentro de Lisboa de fazer grandes deslocações diárias prescindo de passe social. E não estou a ver motivos tangíveis - económicos e ambientais - para que seja penalizado quando pretendo usar um transporte público.

Já agora, uma mera curiosidade: a taxa de inflação acumulada desde o início de 2000 até Dezemebro de 2003 foi de 4,4%. O aumento de preços do transporte ferroviário de passageiros foi de 10,7%. Mais palavras para quê?


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