5/08/2005

Derivações ambientais XX

Na imprensa nacional, usa-se e abusa-se de sondagens por tudo e por nada. Como quase sempre dão «belas» primeiras páginas, aplica-se muitas coisas que não podem nem devem ser aplicadas sem uma correcta ponderação, sem uma correcta interpretação.

Vem isto a propósito do DN e da TSF terem noticiado ontem que «Manuel Maria Carrilho e Rui Rio partem como favoritos na corrida às presidências de câmaras das duas mais importantes cidades portuguesas», de acordo com o Barómetro feito pela Marktest. Diz também a notícia da TSF que «os inquiridos do Barómetro também não têm dúvidas sobre quem será o vencedor em Sintra, dando uma vitória a Fernando Seara no confronto com João Soares com mais 19 por cento a verem como provável este cenário».

Ora, olhando para a ficha técnica vê-se que a amostra do estudo é foi constituída por 807 entrevistas a indivíduos residentes em Portugal Continental, 420 das quais mulheres, efectuadas entre os dias 19 e 22 de Abril. A margem de erro é de 3,45%. Mas, destas apenas 161 entrevistas foram feitas na Grande Lisboa e 89 no Grande Porto. Nos concelhos de Lisboa, Porto e Sintra - alvo da sondagem - terão sido muitíssimo menos.

Portanto, tendo em conta que a avaliação dos diversos candidatos a eleições autárquicas são feitas pelos munícipes não faz qualquer sentido fazer uma sondagem a nível nacional. Quanto muito seria, sim, porventura interessante comparar as diferenças entre a percepção nacional e a local em relação aos diversos candidatos em causa, mas também aqui o número de respostas dos inquiridos nestes três concelhos deveria ser muito maior para ter significado estatístico. Por isso, esta é uma pseudo-sondagem e a margem de erro não é de 3,45%... é de 100%.

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