5/12/2005

Farpas Verdes CCXVII

Ao contrário do que vários «opinion-makers» têm sugerido - ainda ontem, Lobo Xavier na Quadratura do Círculo - o tráfico de influências, a «cunha» e outros expedientes mais ou menos legais mas sempre eticamente reprováveis não se devem essencialmente à burocracia e/ou ao peso excessivo do Estado na economia. Deve-se sim ao facto de possuirmos leis bastante bem fundamentadas, em geral, mas saber-se que, sempre com algum jeitinho, com algum amiguismo, com muitos ismos, se consegue fazer passar um projecto. E, aliás, para quem consegue estas proezas de ultrapassar as leis restritivas até convém, paradoxalmente, que estas existam. É que se eu conseguir algo que poucos ou nenhum conseguem mais valorizado se torna o meu «projecto». Afinal, no que diz respeito ao empreendimentos imobiliários, não se enriquece construindo onde legalmente se pode, mas sim construindo onde por lei não era suposto poder construir-se.

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