5/01/2005

Farpas Verdes CCVI

O conceito de modernidade em Portugal é, por vezes, confundido com propostas arrojadas que, a mais das vezes, constituem um chorrilho de delírios disparatados. Vem isto a propósito de um «estudo» proposto por, segundo uma notícia do jornal Público de ontem, um grupo de arquitectos, engenheiros do ambiente e artistas para uma Lisboa do ano2030. O nome do estudo em si mesmo já é algo alucinante: «O Grande Estuário 2030: Uma Cidade sem Petróleo». Alucinante e contraditório: propõe, desde logo, uma expansão enorme da malha urbana da Grande Lisboa suportada não em mais uma, mas sim mais duas pontes.

Em seguida, dizem os autores que como Lisboa está envelhecida, atrofiada e incapaz de oferecer «alternativas credíveis às novas tensões urbanísticas» (não sei o que isto quer dizer...), a solução passa por crescer para sul. Depois, no meio disto, surge também a proposta para uma candidatura para os Jogos Olímpicos de 2020, um aeroporto no Montijo (embora se saiba que tecnicamente e por motivos de segurança, esta não é uma solução válida) e o mais que certamente estará no estudo, mas que a notícia não refere.

Se algum dos autores deste «estudo» olhasse para as dinâmicas demográficas da Grande Lisboa, olhasse para as finanças do país, olhasse para a necessidade de reabilitar Lisboa e conter a suburbanização, porventura teria gasto melhor o seu tempo, propondo verdadeiras e exequíveis medidas para a tal Lisboa sem petróleo do ano 2030.

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