2/09/2005

Farpas Verdes CLX

Criminosa é a intenção do presidente da autarquia de Loures, Carlos Teixeira, de transformar Loures numa cidade de 100 mil habitantes, à custa (ou benefício), helas, do betão (vd. Público de domingo passado).

A argumentação do autarca é de bradar aos céus. Diz que «se o concelho de Odivelas tem 150 mil habitantes em 26 quilómetros quadrados, a nós basta juntarmos a cidade de Loures à de Santo António dos Cavaleiros e ficamos com 37 km2, onde hoje em dia só vivem 45 mil», para concluir que «se há espaço para se viver com qualidade, não irá ser difícil duplicar o número de habitantes actuais, é só preciso criar condições para que eles venham viver para esta nova cidade que se prepara para nascer».

Ora, é esta visão tacanha dos autarcas (e/ou os interesses inconfessados que estão por detrás) que transformou a Grande Lisboa num caos urbanístico. Saberá o presidente da autarquia de Loures que a região da Grande Lisboa estabilizou a sua população nas duas últimas décadas (deixou de atrair, portanto, habitantes) e que os crescimentos demográficos de alguns concelhos dos arredores de Lisboa (como Sintra ou os da Margem Sul) se fizeram à custa do despovoamento (e degradação patrimonial) da capital portuguesa? E saberá a sua cabecinha, que cativando habitantes - com o simples e redutor objectivo de se fazer importante -, estará a retirá-los dos concelhos vizinhos e a criar (ou a agravar) os problemas daqueles? E quem pagará toda a «transferência» de infra-estruturas que isso acarreta? (convém, por exemplo, ver que há medida que fecham escolas em Lisboa por falta de alunos, têm de se gastar mais dinheiro a construir escolas nos subúrbios)

E o que diz a tudo isto o Ministério do Ambiente (e também do Ordenamento do Território)? E o do Planeamento? E afinal para que está a servir o Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa?

Espero que a ausência de reacções a esta intenção de Carlos Teixeira seja apenas por se acreditar que esta ideia é idiota e tonta. Mas convém não pensar nestes moldes. Afinal, o caos urbanístico que possuimos nasceu de ideia semelhantes de autarcas iguais desde há duas décadas a esta parte.

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