10/29/2006

Nós pagamos tudo, claro... e caro

A manchete do semanário Sol sobre a abjudicação, por ajuste directo, de dois estudos sobre as auto-estradas sem portagem à antiga empresa de um adjunto do secretário de Estado das Obras Públicas não é apenas grave pelo eventual tráfico de influências.

Na verdade, mesmo que tudo tivesse sido feito por total transparência, dever-se-ia questionar as razões de se encomendar os estudos a uma empresa externa, quando a Estradas de Portugal - empresa pública - tem certamente técnicos qualificados ou suficientes para essa tarefa. Pode o Governo alegar que um estudo feito por uma entidade exterior garante uma maior independência. Mentira! Não é o hábito que faz o monge. Um estudo mostra a sua independência no conteúdo e no rigor. E mais ainda: se um estudo é encomendado por ajuste directo (sabe-se lá as razões...) é legítimo pensar que «condiciona» à partida as conclusões finais; neste caso, a manifesta intenção do Governo em acabar com a maioria das SCUT.

Por fim, chocam-me os montantes que estão em causa. Os dois estudos atingiram valores de 275 mil euros, o que é um perfeito exagero. Fui dar uma vista de olhos aos relatórios sobre os tempos de percurso entre as SCUT e as alternativas, e basicamente a esmagadora maioria da informação foi prestada pela Estradas de Portugal, a que se somaram uns «passeios» de automóvel em quatro dias da semana, mais umas quantas contas simples, uns factores de correcção e ponto final. Na parte que diz respeito ao poder de compra, não me parece também se se demore muito tempo em contas e a informação é detida pelo INE. Ou seja, muito dinheiro e não havia necessidade de os contribuintes estarem a pagar um estudo que deveria ter sido feito por entidades públicas. E sem ligações perigosas...

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