10/12/2006

O lince espanhol

Em Portugal, o lince ibérico é uma espécie de anti-tese do monstro de Loch Ness. Ou seja, enquanto em relação ao monstro do lago escocês alguns vêem-no, mas quase ninguém acredita que exista, o lince no nosso país é uma espécie que ninguém vê, mas quase todos acreditam que existe.

Sinceramente, mesmo sendo uma espécie fugídia, tenho poucas esperanças de que o lince ibérico em Portugal ainda se mantenha, sobretudo depois dos incêndios florestais que afectaram a zona algarvia. Isto sem contar com estradas e auto-estradas, mais a barragem de Odelouca (em construção) e face à fraca aposta (e estou a ser benevolente, considerando que há aposta...) em medidas sérias de conservação ou recuperação de habitas. Note-se também que há mais de uma década não existe qualquer confirmação, nem visual, da sua presença em território português. Por ironia, temos um parque natural que tem como símbolo esta espécie, mas salvo erro nunca foi visto qualquer destes animais após a sua criação (não há, obviamente, qualquer relação causa-efeito).

Ao contrário, na Espanha, e sobretudo na Andaluzia, as autoridades de conservação da natureza apostam na recuperação da espécie e qualquer nascimento de uma cria é visto como uma vitória. De acordo com esta notícia, apenas em Donana e Serra Morena nasceram já este ano 58 crias. Penso que já é tempo de mudar o nome comum desta espécie: de lince ibérico para lince espanhol.

Nota: Um dos projectos Life aprovados recentemente pela União Europeia é para conservação de habitats na zona de Barrancos onde supostamente existe lince. Julgo que esse projecto é dinamizado pela LPN e procurarei saber se, de facto, existe alguma confirmação científica da existência de lince naquela região...

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