10/18/2006

Os novelos das poupanças

Nem por acaso, as duas primeiras notícias que surgem neste preciso momento no Público Online destacam supostas poupanças do Estado. A primeira intitiula-se «Mário Lino: as portagens em três Scut poupam ao Estado cem milhões por ano»; a segunda «Estado poupou 36 milhões de euros em medicamentos entre Janeiro e Setembro».

Um rápido raciocínio pode levar a supor que, poupando o Estado esse dinheiro, que os contribuintes beneficiam imediata e directamente. Mas, na verdade, essa poupança acaba por não ser evidente: no primeiro caso, serão os os utilizadores das Scuts que pagam aquilo que o Estado passará a poupar; no segundo, a poupança derivada do acréscimo do uso dos genéricos (mais baratos) acaba por ser compensado pelo aumento do preço dos não genéricos, pelo que o Estado poupa, mas alguém terá de pagar esse valor às farmacêuticas.

A questão essencial não é, porém, a justeza em que os serviços sejam pagos por quem os utiliza - e no actual modelo económico caminha-se a passos largos para a plenitude do consumidor-pagador. Mas se assim é, não é pertinente questionar se eu deverei pagar os mesmos impostos que pagava antes destas «poupanças» do Governo se não uso as Scuts nem compro medicamentos?

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