3/08/2004

À Margem Ambiental XXXIV

Na minha crónica "Assim Vai a Verde Nação VII", de 21 de Fevereiro, intitulada, «Ventos trocados», abordei aqui a questão do crescimento dos consumos de electricidade no último quinquénio comparativamente ao aumento do PIB.

Hoje, no Diário de Notícias, saiu dois artigos da minha autoria sobre essas matérias. Um dos textos é baseado num relatório que consultei na semana passada no Eurostat (que podem retirar aqui, na página 22). Deixo aqui em baixo o texto que fiz.


Enquanto os outros países poluem mas crescem, Portugal não cresce porque polui.

De acordo com um recente relatório elaborado pela Comissão Europeia, o nosso país registou a pior evolução na intensidade energética durante a década de 90. O estudo em causa mostra que, no ano 2000, Portugal gastava mais 12 por cento de energia para produzir a mesma quantidade de riqueza, comparativamente com aquilo que ocorria no início da década.

Apenas a Grécia e a vizinha Espanha - que apresentam crescimentos de três por cento - não acompanharam a tendência geral de melhoria da eficiência energética. Por exemplo, a Irlanda, que conseguiu alcançar um excepcional crescimento económico no decorrer da última década, conseguiu-o também melhorando a sua eficiência energética em 30 por cento.

Esta evolução fez com que Portugal passasse, em termos de indicador de consumo absoluto versus riqueza, do 10.º lugar que ocupava na União Europeia em 1990 para a terceira posição no ano 2000.

Com efeito, por cada mil euros de Produto Interno Bruto (PIB), o nosso país consumiu, naquele último ano, 241 kg de óleo-equivalente (kgoe), tendo-se situado apenas atrás da Grécia (264) e da Finlândia (257) - um dos países mais frios da Europa.

Contudo, face à recente evolução, Portugal deverá ser, actualmente, o país mais consumista da União Europeia.

Mesmo os países do próximo alargamento da União Europeia apresentaram uma evolução bastante favorável.

Embora ainda com eficiências energéticas muito fracas, nenhum país agravou a sua intensidade energética a partir de 1995. A Polónia e a Estónia conseguiram mesmo, em apenas cinco anos, uma redução de 30 por cento.


DN, 8 de Março de 2004

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