8/13/2006

Esquizofrenia estatística

O ministro António fez hoje um balanço sobre os fogos e, claro, surgiu de novo à baila o problema do número elevado de fogos. Disse ele que «a média de ignições foi claramente superior, mas os danos claramente inferiores», mas apesar de só na próxima semana serem divulgados dados concretos sobre a área ardida nos últimos dias, o assegura que houve «clara melhoria da capacidade de resposta dos meios», uma vez que até ao dia 31 de Julho tinham ardido 13 mil hectares e, nos outros anos, a média rondava os 70 mil hectares. A insistência em estatísticas comparativas antes da procissão terminar costuma dar mais resultados. É bom recordar que há duas semanas, o mesmo ministro andava todo contente e viu-se. E convém também ler o meu post anterior para mostrar que as coisas não estão a correr nada bem. Este ano e, pior ainda, para o futuro.

Por outro lado, convém ter muita atenção aos números de ignições. No meu livro fiz uma abordagem bastante exaustiva sobre os «mecanismos» dos registos de ocorrências, onde mostro que há falta de controlo de qualidade naqueles números e fortíssimos indícios de aldrabice da grande. Colocarei aqui, em breve, um texto a publicar na edição de amanhã do Diário de Notícias onde se explica como se contabilizam os incêndios em Portugal e como facilmente são manipuláveis ao gosto do freguês.

Por fim, deu-me vontade de rir os números dos meios envolvidos durante esta semana, que apenas serve para mostrar como os políticos manipulam números. De acordo com uma notícia da Lusa, nos últimos dias mobilizaram-se, segundo o SNBPC, «65 mil homens»! Claro está que um só homem entrou quatro ou cinco vezes nesta estranha estatística.

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