Por estranho que possa parecer - e ainda mais tendo em consideração o post anterior -, tenho a melhor das impressões em relação à postura e atitudes do presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Duarte Caldeira. Em inúmeras posições, ele mostra um conhecimento profundo da realidade dos incêndios florestais e, confesso, subscrevo a esmagadora maioria das análises que faz sobre estas questões. Na verdade, a sua postura é quase de diplomata dos bombeiros, em contraste com a visão algo maniqueísta da quase generalidade das chefias dos bombeiros voluntários.
Este meu intróito serve para realçar o editorial da últiam edição do jornal «BP», da Liga dos Bombeiros Portugueses, onde Duarte Caldeira aponta, com oportunidade, as incoerências dos relatórios da Direcção-Geral dos Recursos Florestais que têm um rigor que deixa muito a desejar. E defende também a criação de uma estrutura - eventualmente um Observatório - que ponha fim à bandalheira das estatísticas oficiais - aspecto, aliás, defendo no meu livro e que tenho vindo incessantemente a chamar a atenção nos últimos tempos.
O texto de Duarte Caldeira pode ser lido aqui (ver página 2 - atenção que o pdf demora a ser descarregado), mas para facilitar, publico-o textualmente a seguir.
Não é novo. Sempre questionámos os modelos de relatório elaborados pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), em especial no que se refere às análises dos dados estatísticos referentes ao número de ocorrências e às áreas ardidas de anos diferentes.
Continuamos com uma dúvida quanto à natureza provisória dos relatórios, bem como quanto ao momento em que os dados por eles disponibilizados passam a definitivos.
Temos ainda dúvidas quanto aos critérios de validação da informação de base em que eles se sustentam.
A título de exemplo, no relatório relativo ao período de um de janeiro a 31 de Julho refere-se que , no distrito de Viseu, ocorreram 50 reacendimentos, enquanto em todos os demais distritos os reacendimentos situam-se entre zero e seis.
Atrevemo-nos a afirmar: há qualquer coisa nestes dados que carece de explicação. Estarão a ser adoptados em todo o País os mesmos critérios de quantificação das variáveis ema nálise?
Esta pergunta pode colocar-se em relação a outras incoerências que um estudo cuidado e sistematizado dos relatórios produzidos pela DGRF sugere.
Como confiar nos dados que nos são disponibilizados?
Como comparar resultados de anos diferentes, se não temos a necessária confiança quanto à fiabilidade da informação que os deve sustentar?
Esta é uma matéria relevante, que exige a adopção de medidas.
Voltamos a propor a criação de uma estrutura (um Observatório?) que acerte as metodologias, integre a informação, padronize as variáveis, monitorize as medidas de acção política e, só depois, avalie e divulgue os resultados.
Ponha-se fim aos campeonatos de estatística, que apenas servem para alimentar as agendas desertas, no mês de Agosto, dos meios de comunicação social.
Levemos todos a sério, de uma vez por todas, o carácter determinante da informação, enquanto instrumento insubstituível para suportar as decisões.
* Duarte Caldeira, Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, in BP, Agosto de 2006, pg. 2
Este meu intróito serve para realçar o editorial da últiam edição do jornal «BP», da Liga dos Bombeiros Portugueses, onde Duarte Caldeira aponta, com oportunidade, as incoerências dos relatórios da Direcção-Geral dos Recursos Florestais que têm um rigor que deixa muito a desejar. E defende também a criação de uma estrutura - eventualmente um Observatório - que ponha fim à bandalheira das estatísticas oficiais - aspecto, aliás, defendo no meu livro e que tenho vindo incessantemente a chamar a atenção nos últimos tempos.
O texto de Duarte Caldeira pode ser lido aqui (ver página 2 - atenção que o pdf demora a ser descarregado), mas para facilitar, publico-o textualmente a seguir.
A saga dos relatórios da DGRF*
Não é novo. Sempre questionámos os modelos de relatório elaborados pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), em especial no que se refere às análises dos dados estatísticos referentes ao número de ocorrências e às áreas ardidas de anos diferentes.
Continuamos com uma dúvida quanto à natureza provisória dos relatórios, bem como quanto ao momento em que os dados por eles disponibilizados passam a definitivos.
Temos ainda dúvidas quanto aos critérios de validação da informação de base em que eles se sustentam.
A título de exemplo, no relatório relativo ao período de um de janeiro a 31 de Julho refere-se que , no distrito de Viseu, ocorreram 50 reacendimentos, enquanto em todos os demais distritos os reacendimentos situam-se entre zero e seis.
Atrevemo-nos a afirmar: há qualquer coisa nestes dados que carece de explicação. Estarão a ser adoptados em todo o País os mesmos critérios de quantificação das variáveis ema nálise?
Esta pergunta pode colocar-se em relação a outras incoerências que um estudo cuidado e sistematizado dos relatórios produzidos pela DGRF sugere.
Como confiar nos dados que nos são disponibilizados?
Como comparar resultados de anos diferentes, se não temos a necessária confiança quanto à fiabilidade da informação que os deve sustentar?
Esta é uma matéria relevante, que exige a adopção de medidas.
Voltamos a propor a criação de uma estrutura (um Observatório?) que acerte as metodologias, integre a informação, padronize as variáveis, monitorize as medidas de acção política e, só depois, avalie e divulgue os resultados.
Ponha-se fim aos campeonatos de estatística, que apenas servem para alimentar as agendas desertas, no mês de Agosto, dos meios de comunicação social.
Levemos todos a sério, de uma vez por todas, o carácter determinante da informação, enquanto instrumento insubstituível para suportar as decisões.
* Duarte Caldeira, Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, in BP, Agosto de 2006, pg. 2
Sem comentários:
Enviar um comentário