8/07/2006

Já esperava esta desculpa...

Ao quarto dia, surge a desculpa do número excessivo de fogos em Portugal, pelo mão do SNBPC. É prática comum, nada recente, que quando existem grandes incêndios, este é o argumento principal. Há uns anos até se «chegou» aos mil incêndios num só dia. No meu livro apurei que 28% dos incêndios no ano passado não tinham causado mais do que 100 metros quadrados, havendo milhares de incêndios com 1, 2, 3, 4... etc., metros quadrados de área ardida. Por exemplo, só no concelho de Viseu terá «existido» mais de 100 fogos com 1-um-1 metro quadrado.

A questão do número de incêndios é uma falácia - e algo que é facilmente manipulável. Basta reparar que ontem, de entre os quase 550 fogos, nem 50 surgiram na página do SNBPC (que apenas inclui os fogos com mais de duas horas de duração ou com mais de 5 veículos). Ou seja, mais de 90% dos incêndios não deram quase nenhum trabalho.

Além disso, não terá sido por excesso de fogos que algumas regiões estão a ser flageladas. Veja-se o caso do incêndio que lavrou durante dois dias em Aguiar de Sousa, pertencente ao município de Paredes. Este é o concelho com maior número de ocorrências na última década: entre 1996 e 2005 registou-se, oficialmente, 8.186 fogos. Por pura sorte, nenhum tinha causado o desastre que se verificou este fim-de-semana. Algums vez o cântaro haveria de se quebrar; e não foi por excesso de fogos - o excesso, a existir, sempre se verificou...

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