2/01/2004

Farpas Verdes XVII

Tenho de parar de ler jornais para evitar ter de usar expressões vernáculas e assim me afastar mais ainda de um lugar no Paraíso. Estava agora mesmo a ler na Internet a edição da passada quinta-feira no Local Porto do Público e surgiu-me esta "pérola" dita por Nuno Cardoso, ex-presidente da autarquia do Porto e putativo candidato do PS ás eleições municipais de 2005.

Disse o homem ser "importante recuperar (edifícios), mas não se pode deixar de construir de novo. Só quem não percebe nada disto é que ousa pensar que, ao serem proibidos de construir, os investidores vão investir na recuperação. Os investidores só investem naquilo que é do seu agrado e, como o sistema não está fechado, vão investir em Braga, em Lisboa ou no Brasil".

Eis a lógica da pequena política. Deixa-se construir porque os vizinhos também deixam. Nuno Cardoso é o paradigma dos autarcas que criminosamente - não coloco aspas porque se trata mesmo de um crime porque estas posturas afectam a qualidade de vida das pessoas, o património urbano e constitui o antro de negociatas obscuras - têm levado o país ao caos urbano. Nuno Cardoso e outros políticos do seu quilate estão mais preocupados com os empresários imobiliários do que com as condições de vida das pessoas. Estão mais interessados em ver prédios novos a serem erigidos ao alto do que a evitar a degradação e a ruína das partes antigas das cidades. Nuno Cardoso não tem estaleca para ser presidente da autarquia do Porto nem para deter qualquer cargo político. Mas uma coisa conseguiu já garantir com estas frases: financiamento para a sua candidatura à autarquia do Porto. Deus nos livre se consegue atingir esse posto de novo...

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