2/02/2004

Farpas Verdes XVIII

A Secretaria de Estado da Habitação anda a passo de caracol. Apenas agora chegou à conclusão sobre a situação habitacional do país: que temos 545 mil fogos vagos, 27 mil barracas, 800 mil fogos a necessitarem de obras, dos quais 325 mil estão degradados ou muito degradados, etc., etc.. Estes dados há muito constam dos resultados dos Censos 2001 e, aliás, sem pretender puxar a brasa à minha sardinha, constam no livro "O Estrago da Nação", por vezes com maior detalhe, pois a realidade é mais negra em alguns concelhos. Por exemplo, em Lisboa e Porto cerca de dois terços dos seus edifícios residenciais necessitam de obras de reabilitação e mais de seis mil apresentam muito elevado estado de degradação.

Existe, contudo, um dado relativamente novo que se refere à reabilitação, o parente pobre do sector da construção e que justifica este estado das coisas. Segundo esse estudo da Secretaria de Estado da Habitação, em Portugal a recuperação representa apenas 5,66% do investimento no sector da construção, muito longe dos 33,19% da média europeia. Este valor não está muito longe do consumo de cimento para a reabilitação que, em 1997, representava apenas 3% para o sector da reabilitação.

Apesar do estado de catástrofe, nada mudará enquanto tivermos políticos - e temos muitos - que pensam ou dizem que "só quem não percebe nada disto é que ousa pensar que, ao serem proibidos de construir, os investidores vão investir na recuperação", como afirmou Nuno Cardoso (vd. Farpas Verdes XVII).

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