2/15/2004

Farpas Verdes XXIX

Afinal o presidente do Instituto da Água deu sinais de si. Parece ter descoberto a "fórmula mágica": não responder aos esclarecimentos dos jornalistas e após a saída da notíca exige a publicação do "direito de resposta" ao abrigo da Lei da Imprensa. Foi mesmo isso que fez ontem na edição do DN.

Há uma citação que é deliciosa na sua carta. Diz que "em resumo, o esclarecimento deste assunto passa fundamentalmente pelo bom senso que, como dizia Descartes, 'é a cousa do mundo mais bem distribuída, porque cada qual pensa ser tão bem provido dele que mesmo os que são mais difíceis de contentar noutras cousas não costumam desejar mais do que o que têm'".

Além da veia filosófica e intelectual (atenção, que ele usa o termo "cousa" e não "coisa", expressão que só a população usa), nota-se que essa frase bem que poderia ser o lema do presidente do Instituto da Água. Só que não parece ter pensado nisso quando decidiu exigir direito de resposta, mesmo se não respondeu a uma sequer das 18 questões que lhe coloquei por escrito para comentar e esclarecer as situações que os próprios dados do Instituto da Água revelam (ausência de caudal em longos períodos nos últimos anos a jusante dos aproveitamentos hidroeléctricos).

E parece não existir bom senso quando nada é desmentido em concreto. Os dados inequívocos e podem ser consultados (mais uma vez insisto) no próprio site do Instituto da Água.

Deveria haver um pouco de maior recatamento num instituto que é responsável pela gestão dos recursos hídricos do país que tem a pior qualidade dos rios de toda a União Europeia (vd. um dos últimos relatórios da Agência Europeia de Ambiente).

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