2/11/2004

Farpas Verdes XXV

Os responsáveis do Ministério do Ambiente - não apenas os actuais mas todos os que passaram pela Rua do Século - deviam corar de vergonha e vir dar explicações públicas após a divulgação ontem de um relatório da Inspecção-Geral do Ambiente (ver notícia do Público aqui) sobre a situação das empresas têxteis do Vale do Ave. Desde há mais de uma década que se prometeu limpar o rio; investiram-se mais de 15 milhões de contos em obras de saneamento básico e despoluição ambiental.

Hoje, o rio Ave continua putrefacto, negro na maioria dos dias, coloridos nos outros ao sabor das cores da moda e impunidade dos empresários. Ainda por cima, a factura da poluição nem sequer trouxeram vantagens socio-económicas: os salários são miseráveis, as condições de trabalho quase sub-humanas e a sustentabilidade da maioria das empresas bastante perclitante. E não duvidem de uma coisa: se as empresas tivessem, desde o início, procurado melhorar tecnologias, reduzindo os desperdícios, certamente conseguiriam adaptar-se melhor aos ventos da globalização. Assim, estamos à beira de ficar sem fábricas, sem rio e sem dinheiro público. Porque será que em Portugal apenas há melhorias ambientais quando as empresas abrem falência?

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