12/27/2007
Enterrar dinheiro
12/24/2007
12/22/2007
Planeamento volúvel
Mas independentemente de terem sido acréscimo ou reduções, é interessante reparar no carácter volúvel destes instrumentos de planeamento em Portugal, que têm funcionado sobretudo como formas de especulação e criação de mais-valias. Nada é perene no nosso país, basta a vontade de um Conselho de Ministros: o que ontem era protegido, hoje deixa de o ser. E há quem bata palmas de contentamento, com a conta bancária a inchar de mais-valias a encaixar num futuro breve. Tudo dentro da legalidade, claro.
12/20/2007
O Estado não deveria ser como uma empresa?
Agora, imaginemos (vd. aqui, porque é verdade) que um ministro do Ambiente propõe que a Águas de Portugal invista no Brasil – apesar de haver tanta necessidade de investimento em Portugal – e que o presidente da Águas de Portugal diz amen, e que passado uns anos o Estado tem de se encaixar um prejuízo de 100 milhões de euros, o que acham que acontecerá?
Eu respondo: nada! Porque o ministro do Ambiente é agora primeiro-ministro e o presidente das Águas de Portugal é agora ministro das Obras Públicas.
12/18/2007
Pedro e o lobo
A montanha pariu um rato
12/17/2007
Um ministro impressionável
Mas o ministro do Ambiente português, Nunes Correia, parece que esteve num filme diferente e veio dizer-nos, via Agência Lusa, que a Conferência de Bali registou momentos de «grande tensão e suspense» e de um «dramatismo enorme». Impressiona-se com pouco, o nosso ministro...
12/15/2007
Bacalhau e bom proveito
Surgiu na blogosfera – e não só – uma polémica em torno da sugestão dos ambientalistas que recomendaram que se reduzisse o consumo de bacalhau no Natal por causa da regressão desta espécie. Gostaria de fazer uma premissa incial: não concordo, na maior parte dos casos, com a mensagem que alguns ambientalistas transmitem para alertar sobre algum problema; porém (e sabe-se bem isso nos media), por vezes na selecção dos «soundbytes» a imprensa sintetiza explicações e destaca as «bojardas» mais polémicas.
Posto isto, é certo que os portugueses não são os únicos «devoradores de bacalhau». Se assim fosse, cada português teria que despachar 84 Kg/ano de fiel amigo (e, na verdade, cada português, no total de toda a bicheza com escamas anda em pouco menos de 60 Kg/ano, o que até, salvo erro, o valor mais elevado da UE). Muitos outros países europeus e não só dão ao dente com bacalhau na boca. E não surpreende, visto que esta espécie é a 12ª mais pescada a nível mundial.
Ora, a questão essencial é saber se essa aparente abundância justifica alarmismos do género «não coma tanto bacalhau». E aí depende das perspectivas, sendo assim necessário olhar e analisar indicadores. Se actualmente se captura, por ano, um pouco menos de 900 mil toneladas, talvez o facto de na década de 60 se ter pescado por ano quase sempre mais de 3 milhões toneladas (o recorde foi em 1968 com cerca de 3,94 milhões de toneladas) mostre que algo não está a correr bem.
Esta profunda regressão (estamos a falar numa redução de mais de 75% nas capturas em apenas 40 anos!) poder-se-ia justificar por uma questão de menor procura (esforço de captura diminuia) ou então por uma exasutão dos stocks (captura diminui por razões ecológicas de sobrepesca anterior). Ora, é nesta segunda hipótese em que se encontra o bacalhau: o esforço de pesca foi excessivo (e não é de agora) e não está a ocorrer uma reposição sustentável dos stocks.
Obviamente que não é por deixar de se comer bacalhau num Natal que as coisas mudam. Nem será previsível que o bacalhau desapareça completamente. O problema será outro, sobretudo económico. A pesca do bacalhau é apetecível apenas quando pescado em grandes quantidades e, por isso, naturalmente que agravando-se a «oferta» no mar começará a diminuir o esforço de pesca, o que garante a sobrevivência do bacalhau como espécie, mas não como espécie de interesse comercial. Donde advirá, nessas circunstãncias, que o bacalhau aumentará ainda mais de preço, transformando-se num produto alimentar de luxo (diminuindo a oferta no mercado, aumenta o preço unitário). Mas, em suma, nunca será previsível que ocorra uma simples extinção do bacalhau. Pode sim «extinguir-se» como peixe comummente usado na gastronomia portuguesa.
Porém, pode ser até que este problema nem se coloque. Há cerca de um ano tive conhecimento de que existem aquaculturas de bacalhau em exploração, embora com quantidades ainda bastante reduzidas! De acordo com dados da FAO, essa exploração terá até começado nos finais dos anos 80, tendo atingido 3.812 toneladas em 2004. Será actualmente uma gota de água nas capturas totais (não chega a meio por cento), mas pode ser que evolua no futuro e que aconteça com o bacalhau aquilo que ocorreu com a dourada. De facto, a dourada até aos anos 60 era apenas capturada no mar, mas agora é maioritariamente de «aviário» (o ano de 1991 foi o último em que as capturas em mar foram superiores às de aquacultura; e em 2004 as capturas em mar representavam menos de 9% do total de toda a dourada capturada). Resta saber se a aquacultura de bacalhau pode ter crescimento similar e, sobretudo, se o sabor será semelhante ao que actualmente comemos, mas sobre esta última parte saberás melhor do que eu.
Deixo aqui um link dos dados do Ecoline (que tratei há cerca de um ano), onde basta clicar no bacalhau, na info, para se ver a evolução das capturas de bacalhau nas últimas décadas.
12/12/2007
Extremismos duplos
Por mim, não assino este abaixo-assinado porque, pela primeira vez, se vê uma autoridade exercer a lei de forma igualitária e rigorosa - e as vantagens superam as desvantagens (que devem, é certo, ser discutidas). Mas, por exemplo, assinaria um abaixo-assinado no sentido de atribuir as competências de fiscalização da água para consumo humano à ASAE em vez de continuar no insonso Instituto Regulador de Águas e Resíduos. É que enquanto por exemplos um suinicutor pode ser multado se não der água com qualidade aos seus porcos, aos autarcas portugueses nada acontece se derem água de má qualidade às suas populações. E a água contaminada é, provavelmente, uma das causas principais de doenças do foro alimentar.
12/09/2007
Ainda os plásticos
12/05/2007
Sugestão ao Ministério do Ambiente
Ideia idiota
Vem isto a pretexto da ideia do Ministério do Ambiente em aplicar uma eco-taxa de 5 cêntimos aos sacos de plástico. E isto porque os referidos sacos dificultavam «as operações de recolha e tratamento de resíduos sólidos» e afectavam «as redes de saneamento de águas e contribuindo para a deterioração da paisagem e para a poluição». Ora, parece-me a mim que, por estranho que possa parecer, os sacos de plástico até facilitam as operações de recolha de lixos (imaginemos como seria despejar o lixo directamente nos contentores ou, como é o caso da minha rua, em plena via público porque a autarquia de Lisboa não coloca aqui qualquer contentor). Além disso, os sacos de plástico das compras podem ser reutilizados substituindo os normais sacos do lixo (por exemplo, há que não os compro). Por outro lado, não me parece que seja por causa de sacos de plástico que as redes de saneamento são afectadas.
Mas onde achei mais piada a esta proposta - e que mostrou que a «coisa» tinha pouco de ambientalista mas sim de um simples imposto - foi no destino da verba recolhida. Tratando-se de um imposto que tinha como objectivo reduzir os problemas na área dos resíduos e águas residuais, não fazia nenhum sentido que as verbas fossem destinadas às áreas protegidas. Dava a ideia de que alguém terá andado a magicar onde ir sacar mais uns punhados de cobres aos cidadãos. Alguém de pouco senso ter-se-á lembrado dos sacos de plástico. Esdrúxula ideia que, poucas horas depois de sair no jornal Público, foi deitada ao lixo.... talvez num saco de plástico.
11/30/2007
Um secretário alheado
E já agora, anunciou ele também que o documento será colocado em consulta pública no primeiro trimestre do próximo ano. Será, pergunto, uma consulta pública do género daquela anunciada pelo ministro do Ambiente para o Plano Nacional das Barragens? Ou seja, que é feita mas não serve para nada porque a decisão está atomada?
11/27/2007
Estradas sim, hospitais não
Eis aqui o conceito de desenvolvimento e de justiça propalada pelo Governo: estradas numa região sem gente. Com estradas mostraremos aos espanhóis que não precisamos deles. Mas já agora mantenham eles os hospitais nas cidades junto à fronteira. Disso os portugueses continuarão a necessitar...
O princípio do preservador-recebedor
Por exemplo, em Portugal deveriam os concelhos com áreas protegidas receber muito mais dinheiro do que as «migalhas» actualmente previstas no Orçamento Geral do Estado, tal como os concelhos abrangidas por bacias hidrográficas que constituem importantes origem de água ou de energia hidroeléctrica também deveriam ser compensadas. Tal como o princípio do poluidor-pagador, deveria começar-se a impor o princípio do «preservador-recebedor».
11/26/2007
O mundo dos advogados
11/25/2007
Lágrimas de corcodilo
No Reportagens Ambientais, coloquei um dos capítulos do livro «Estrago da Nação». Tem já mais de quatro anos, mas mantém-se actual.
Cumprir com o nosso dinheiro
- com o Programa Nacional para as Alterações Climáticas, revisto em 2006, elencando um conjunto reforçado de medidas internas de redução de emissões;
- com o Plano Nacional de Atribuição de Licenças de Emissão, em fase final de aprovação, e pelo qual se limitam as emissões do sector industrial e electroprodutor;
- com o Fundo Português de Carbono, pelo qual se investirá até 348 milhões de euros até 2012 para aquisição de créditos de redução de emissões.
No caso do PNAC, as medidas são tão pífias e praticamente sem ser aplicadas que as reduções serão quase irrisórias. No caso do PNALE, as benesses concedidas às indústrias não vão aplicar, para elas, qualquer esforço de redução, passando a nós, contribuintes, a batata quente.
Resta assim o Fundo Português de Carbono – ou seja, os tais 348 milhões de euros até 2012. Mas, pergunta simples e pertinente: mas o que é este fundo senão financiado por receitas provenientes dos impostos pagos pelos contribuintes? Ou seja, Portugal cumprirá porque os contribuintes portugueses pagam. E se pagam, porque o Governo em muitos casos foi negligente – e até promoveu o aumento das emissões de dióxido de carbono, aumento esse que não se repercutiu em melhoria económica –, deveríamos ser, pelo menos, mais respeitados e não nos julgarem parvos. É que cumprir um protocolo com o dinheiro dos outros é muito fácil.
11/20/2007
O País (In)Sustentável
11/19/2007
Obrigado, santo xará
Foi um erro
O resto do jogo só não foi um bocejo porque a boca não quis abrir por causa do frio. Mas a minha mente desejava ardentemente que uns quantos grupos de cinco polícias da pesada fossem ao relvado e arrastassem os jogadores como fizeram com o outro na bancada.
11/18/2007
A demissão florestal
Nota: Sobre a questão do nemátodo voltarei ao tema, em breve.
Fogo para aquecer
11/12/2007
1000 posts depois ainda dura...
Um Dia por Lisboa, no Teatro São Luiz
Estarão também disponíveis “Speakers Corner”, cabines com sistema de gravação, onde qualquer pessoa poderá deixar os seus depoimentos e opiniões sobre os temas em discussão
O Tejo de Lisboa
António Câmara
Gonçalo Ribeiro Telles
Pedro Prista
Rui Tavares
Augusto Mateus
Raquel Henriques da Silva
José Sarmento Matos
A margem ribeirinha, função e projectos
Nuno Teotónio Pereira
Mário Alves
Luis Ribeiro
João Belo Rodeia
Jorge Gaspar
Rui Alexandre
Duarte Mata
João Gomes da Silva
A administração da margem ribeirinha
João Carvalho
Nuno Portas
José António Pinto Ribeiro
Paulo Saragoça da Matta
Henrique Andrade
Claudia Brandão
Debate Institucional
Fonseca Ferreira
António Costa
Manuel Salgado
Manuel Frasquilho
José Miguel Judice
Rolando Borges Martins
11/08/2007
Uma no cravo, outra na ferradura
Apenas gostava de fazer notar duas questões:
a) mais uma vez a Justiça mostra que é muito complexa e que, por vezes, parece um jogo de futebol: tivemos duas deliberações favoráveis à providência cautelar - Tribunais Central Administrativo do Norte e Administrativo e Fiscal de Coimbra – e agora uma decisão contrária do Supremo Tribunal Administrativo que faz valer a sua posição.
b) o caso não vai ficar por aqui, porque a acção principal ainda vai ser julgada, o que, receio, traga novas peripécias a esta(e) interminável novela(o)
Reportagem sobre microcrédito
Chuva ou fogo, eis a questão!
No Verão deste ano, como no do ano passado, não ardeu muito porque anormalmente choveu. Este Outono arde (mesmo com temperaturas amenas, quanto muito primaveris, inferiores a 25 graus) porque anormalmente não chove há mais de duas semanas. Em conclusão: quando chove não arde, quando não chove arde. É este o linear fenómeno dos fogos em Portugal.
11/04/2007
Onde estão os bombeiros voluntários?
Vejamos, em concreto: no momento em que escrevo (18:00 horas) estão quatro incêndios não circunscritos, a saber
- Arcos de Valdevez, que começou às 8:20 horas e tem apenas 15 combatentes
- Montalegre, que começou às 13:02 horas e tem apenas 15 bombeiros, mas segundo indicações da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) alguns são do ICNB, pois está a lavrar em zona do Parque Nacional da Peneda-Gerês
- Vinhais, que começou às 16:32 horas e que, segundo a ANPC, estão 13 combatentes a caminho (mais de uma hora a lá chegar)
- Ponte da Barca, que começou às 17:07 horas e tem 6 combatentes.
É certo que estando as temperaturas baixas e a humidade relativa elevada, estes incêndios podem não causar grandes estragos, mas acabam por mostrar que o sistema de voluntariado não existe e apenas está travestido durante o Verão porque os voluntários são pagos. E, portanto, mais uma razão para que sejam profissionalizados e responsabilizados.
Ainda o Business & Biodiversity
verde a preço barato.
Fui ver, com algum detalhe, os compromissos que, por exemplo, o BES assume com o programa B&B. Basicamente são estudos, promessas, um prémio monetário a atribuir a projectos de conservação (o que fica sempre bem) e investimentos em protecção de três espécies numa zona (Herdade da Poupa, em Idanha-a-Nova), onde o próprio BES tem interesses, pois ali possui um hotel de turismo rural que vive exactamente da biodiversidade.
Ou seja, o BES - e as outras empresas - estão neste programas apenas viradas para si mesmas, para os seus investimentos. Não têm uma postura social, isto é, não se comprometem a investir fora dos seus interesses. Não fazem aquilo que se pode chamar de mecenato ambiental. E, por isso, os benefícios para a sociedade são residuais.
10/30/2007
Comentários sem moderação
A lata não tem limites
E isto porque «colocámos a fasquia em 45 por cento do consumo de electricidade, a partir de energias renováveis, já em 2010», e também porque «em 2005, Portugal foi o pais da UE que mais cresceu na capacidade de produção de energia eólica» e ainda porque « em 2006, tivemos o segundo maior crescimento» e, para finalizar, porque «em 2007 e 2008, temos esperança de nos manter na liderança ao nível da utilização do vento como fonte de energia».
Ora, nem me apetece estar aqui a desmontar este discurso. Já muitos posts escrevi sobre o facto de o crescimento da energia eólica não estar sequer a «tapar» o crescimento dos consumos totais de electricidade. Já também aqui referi que a electricidade representa apenas 1/5 da energia consumida em Portugal e que a energia eólica atinge menos de 2%.
Mas acho que é preciso ter lata para fazer um discurso «imodesto» em que apresenta o caso português como um modelo para a Europa. As imagens que apresento em baixo (que mostram a evolução de Portugal nas emissões de CO2 desde 1990 - base 100) falam bem por si.
10/26/2007
Entrevista a João Soares
O verdadeiro choque tecnológico
10/25/2007
Os protocolos lavam mais verde?
«(...) O ICNB tem tido um papel enzimático, não é responsável pelo que fazem as empresas no quadro da iniciativa. As empresas assumem compromissos públicos e é o público, por exemplo com posts destes, que leva as empresas a empenharem-se ou não nos compromissos que assumem.
Com certeza que o ICNB procura influenciar as decisões das empresas sobre biodiversidade e colabora com elas no sentido de integrar a Biodiversidade nos seus sistemas de gestão, mas não é o fiscal da iniciativa. Esse é o público.
Ainda que me faça alguma impressão a forma como seleccionas algumas empresas para suportar a tua tese e ponhas de lado as que contrariam a tua tese de que por regra as empresas aderentes têm posturas de conflito ambiental (e nem discuto sequer se tens razão na análise da postura das empresas que citas) não deixo de te perguntar: é melhor que essas empresas assumam estes compromissos ou não?».
Num aspecto, concordo com o Henrique: cabe ao público - ou seja, ao mercado -«fiscalizar» as empresas, sobretudo ao nível da coerência entre o seu «quotidiano» e as promessas bem-intencionadas num protocolo. Nesse aspecto, eu não posso, como cidadão, julgar aceitável que uma empresa prometa fazer uma gestão sustentável da floresta e depois diga que é bom gastar papel à fartazana. Eu não posso aceitar que uma instituição bancária (BES) prometa ser verde (até no logotipo), mas esteja maculada com cortes de sobreiros cheio de expedientes (ainda mais sendo reincidente) sem que tenha, até agora, decidido pelo abandono definitivo do projecto imobiliário (e já agora que transformem a zona a Herdade da Portucale num modelo de gestão ambiental). Eu não posso aceitar que uma cimenteira, como a Secil, prometa ter uma postura ambiental e ande a «comer» a Arrábida e não se importa de queimar lixos numa área protegida.
Claro que, independentemente destas máculas, é sempre bom que as empresas assumam compromissos ambientais, embora eu prefira que não apenas os assumam como os cumpram. Muitas empresas têm, de forma convicta, posturas ambientais. Mas para mim, verdadeiras posturas ambientais são aquelas que vão para além do simples cumprimento da legislação ou das regras do mercado. Por exemplo, não se pode aplaudir uma empresa que diga: «nós assumimos que cumpriremos a legislação ambiental», porque não nos fazem nenhum favor, é um dever e cabe à Administração fazer cumpri-la. Tal como não faz sentido que uma celulose defenda as florestas sustentáveis, sabendo que os mercados mais apetecíveis exigem que o papel seja proveniente de florestas sustentáveis.
Na minha opinião, uma empresa com verdadeira postura ambiental é aquela que investe fora do seu «core business» ou de uma forma que apenas indirectamente possa beneficiar do ponto de vista financeiro. Está acima de tudo, e antes de mais, uma postura social de cariz ambiental, embora seja certo que, legitimamente, lhe traga benefícios económicos. Contudo, isso não implica que uma mão lave a outra. Isto é, uma empresa não pode «enverdecer» a sua imagem maculada apresentando um projecto ambiental. Seria a mesma coisa que um ladrão se redimir do roubo, dando esmolas aos pobres (a menos que, como Robin dos Bosques, fosse entregar todo o pecúlio).
E onde aparece aqui o ICNB? Pois bem, o Henrique defende que esta entidade tem «um papel enzimático» e que «colabora com elas no sentido de integrar a Biodiversidade nos seus sistemas de gestão, mas não é o fiscal da iniciativa». Pois bem, então não está lá a fazer mais do que servir de «ramo de flores». Primeiro, porque as empresas não precisam de «enzimas», mais ainda do ICNB – as grandes empresas sabem e, se não sabem, contratam (contratam para tudo e mais alguma coisa, porque não também neste sector?). Segundo, como entidade da Administração Pública, o ICNB deve ter uma atitude equidistante das empresas privadas. Não é uma questão de «dormir com o inimigo» (nem eu vejo estas empresas como inimigas, longe disso...), mas sim de independência em situações em que, no âmbito das suas competências, o ICNB tenha de agir em matérias relacionadas com essas empresas.
Mas, independentemente disso, para as empresas do programa Business & Biodiversity é interessantíssimo que haja o «patrocínio» do ICNB, porque em termos de marketing a «coisa» funciona bem, mas não me parece que dê garantias de que os seus projectos em prol da biodiversidade melhorem. Aliás, não vi ainda nada que se possa apontar às empresas que tenha deixado de existir depois da assinatura dos ditos «protocolos verdes». Mas talvez seja desconhecimento ou distracção da minha parte...
10/24/2007
O ministro «conservador»
Estas declarações de Nunes Correia são óptimas do ponto de vista do senso comum (mas, que raio!, alguém de bom senso colocou alguma vez, os linces à frente das pessoas?), mas desastrosas para um governante da área ambiental. Nunes Correia mostrou-se assim um «conservador» que opta pela solução mais fácil, mais populista... a pior!
Porque, na verdade, um ministro do Ambiente não pode justificar o sacrifício de uma zona natural apenas porque as pessoas estão à frente e seguir
para a sua vidinha. Ele é ministro do Ambiente, e pagam-lhe, para preferir as pessoas, mas de todas as gerações, e sobretudo para conseguir compatilibilizar esses interesses colectivos com os valores naturais. E não me digam que é impossível proteger as pessoas da linha de alta tensão sem afectar um habitat - tudo é possível, é uma questão de custo, mas isso mostra a atitude de um Governo. Olhe-se para aquilo que Espanha tem feito - e proibido fazer - para
proteger os linces.
Aliás, se hoje o lince ibérico (eu já lhe chamo lince espanhol) está em pré-extinção em Portugal (eu diria extinto) é porque outros, como ele, tiveram exactamente a mesma postura de Nunes Correia. Veja-se a auto-estrada do Sul, veja-se a barragem de Odelouca, veja-se o abandono a que está votada a serra de Monchique (palco de incêndios devastadores) e conclua-se que somente por milagre se poderia esperar encontrar agora linces.
Pessoalmente, tenho pena dos linces espanhóis que, ao abrigo de um protocolo ibérico, virão de Espanha para um suposto repovoamente em Portugal. Vão morrer todos, porque o ministro do Ambiente prefere as pessoas e, na sua mentalidade, isso significa borrifar-se para os linces, o que será morte certa para aqueles desgraçados.
10/23/2007
Os porcos estão mais protegidos que alguns portugueses
Candida e docemente, lá surgem os habituais cerca de 2%
(um pouco mais)
de análises que violam os limites máximos admissíveis, sobretudo nos parãmetros microbiológicos.
A percentagem de violações em si mesmo pouco diz sobre a situação em concreto da qualidade da água. Mostra apenas, em números globais, se a situação apresenta
uma tendência de agravamento ou de melhoria. Mas esconde sobretudo uma realidade que se mantém inalterável nas últimas
décadas: a qualidade da água nos pequenos sistemas (sobretudo do interior) é cronicamente má. O facto de serem sistemas onde se exige uma menor quantidade de análises acaba por não fazer pesar na percentagem global. Porém, mostra bem que, em pleno século, ainda existem portugueses (pode vir o Governo dizer que
são apenas um milhares) que não têm acesso a um bem básico nas mínimas condições.
Aliás, é por isto que a Comissão Europeia tem vindo sistematicamente,
ano após ano, a aplicar processos contra Portugal, mesmo se apenas estamos a falar
em cerca de 2% de violações.
Mas aquilo que mais me choca na atitude do IRAR é a placidez com que trata estas questões.
De acordo com a imprensa (vd. aqui, por exemplo), esta entidade defende mesmo que
os ligeiros agravamentos entre 2005 e 2006 se devem ao aumento do número de análises e, portanto, ao menor desconhecimento.
Ora, chamemos os bois pelos nomes: a qualidade da água não
está mais ou menos degradada por se fazerem mais ou menos análises, nem vai melhorar apenas porque se fazem mais análises. É uma falácia.
A água estará mais ou menos degradada em função do grau de
prioridade que o IRAR colocar na fiscalização e na pressão a doer às autarquias
que prestam o serviço aos consumidores. Choca-me por isso que o IRAR
venha docemente dizer que «as entidades gestoras têm vindo a adoptar uma atitude
pró-activa de identificação das causas desses problemas e de adopção de medidas para a sua resolução, cujos efeitos começam a ser visíveis». Porque não são visíveis, há muitos anos,
em grande parte dos concelhos do interior.
Enquanto o IRAR tiver esta atitude administrativista e diplomática nada vai mudar.
E eu acho que não deveria ser aceitável que enquanto a ASAE anda a fechar suiniculturas porque a qualidade da água que os porcos bebem não está em condições, o IRAR deixa,
impune e irresponsavelmente, que alguns milhares de portugueses bebam água
conspurcada.
Nota: Irritantemente, alguns dos meus posts começaram a ficar desalinhados,
fugindo da mancha de texto, o que me obriga a quebrar linhas e tudo fica muito
esquisito. Se alguém souber qual o motivo por que acontece isto
e a forma de resolver, agradecia sinceramente.
10/19/2007
Tudo é bom para o ambiente!
E lembrei-me da Portucel porque no exacto dia em que se assinou o protocolo entre esta empresa e o ICNB (vd. aqui, no Sol), o presidente executivo deste grupo empresarial fez umas estrambólicas afirmações. Disse José Honório ser «errado» que os e-mails sensibilizem os destinatários para que não sejam impressos. «Gaste papel, compre móveis em madeira, isso é que é cuidar bem da floresta», afiançou este responsável da Portucel. Business, portanto - e que rica sensibilização ambiental se transmite, patrocinada pelo Ministério do Ambiente. Um dia chegar-se-á, talvez através de um protocolo, à conclusão de que também o diaparate é bom para o ambiente. E estará o ICNB a assiná-lo.
10/15/2007
Aleluia, uma medida boa em prol do Ambiente
Ora, pelo que saiu nas notícias sobre o OE, a Quercus veio dizer que, para o próximo ano, esse benefício fiscal estará separadao da parte respeitante ao empréstimo para habitação. Confirmando-se isto, o Governo está de parabéns.
P.S. Contudo, já estou a preparar-me para ouvir o primeiro-ministro e o ministro do Ambiente a perorarem durante um ano inteiro sobre esta medida. Será a demagogia a toda a escala, para justificar nada fazerem em matéria, por exemplo, de transportes.
10/14/2007
Um prémio merecido
Ora, é certo que terá pesado, neste prémio, factores políticos; é certo que Al Gore poderia ter feito mais (pode-se sempre, não é?) em prol do ambiente durante o consulado de Bill Clinton; é certo que Al Gore usou a sua imagem mediática para conseguir aquilo que muitos já tinham estado a fazer.
Mas todas essas críticas fogem ao essencial: a Paz no Mundo, como
confirma o Comité Nobel, não depende apenas de se lutar contra as guerras, mas sim de também, e sobretudo, de não lutar contra a Terra. Ou melhor, de lutar em prol da Terra. E Al Gore, com a sua atitude missionária (que, diga-se, não é recente e vem mesmo do período anterior à sua vice-presidência dos Estados Unidos) concentrou em seu redor um tema ambiental da maior importância para o futuro do Mundo. Só por isso, esse prémio é merecido.
Lei seca em Monchque
10/09/2007
Breves e soltas reflexões ao plano de barragens
Daquilo que foi apresentado, uma síntese das questões que considero mais relevantes:
a) o Governo, cada vez mais, assume-se como o dono do país: simplesmente anuncia projectos como factos consumados que acabam por ser apenas do conhecimento do próprio Governo e... obviamente dos empresários, sempre lestos em elogios.
b) o ministro do Ambiente, Nunes Correia, confirma que está no Governo apenas com o simples e singelo objectivo de ser manter ministro. Nunca antes o ouvira contestar, torcer o nariz, franzir o sobrolho sobre algo que venha da cabeça de Sócrates. É o «Fernando Real» de José Sócrates (para quem não se recorda, Fernando Real foi ministro do Ambiente no segundo governo cavaquista, no início dos anos 90, e ficou conhecido por Fernando Irreal...). Mas já não se admite que tenha a desfaçatez de anunciar uma consulta pública garantindo que não vai mudar absolutamente nada da decisão governamental. Isto não é autismo; é patetice, é falta de cultura democrática. É, em suma, gozarem connosco.
c) este anúncio de 10 barragens para produção hidroeléctrica acaba por surgir poucas semanas depois da aprovação da barragem do Baixo Sabor, cuja construção parecia ser assumida pelo Governo como a única e derradeira forma de combate às alterações climáticas (estou a caricaturar, obviamente). A questão que se deveria colocar era: será necessário sacrificar um vale como o do Baixo Sabor se se vão construir 10 barragens?
d) Estas barragens em quase nada vão contribuir para tornar mais verde o consumo energético do país e a dependência externa de energia. Por um lado, porque a dependência energética do exterior se deve sobretudo ao sector dos transportes (recordem-se que a energia eléctrica apenas assume 20% dos consumos totais). Por outro, não está previsto qualquer encerramento de uma central convencional que use combustíveis fosséis. Aliás, quanto maior for a capacidade de produção de electricidade, menor será o esforço para que haja eficiência energética.
e) Como já em situações anteriores tinha referido, a construção de barragens é uma «imposição» do fortíssimo lobby das eólicas. Não sou contra as eólicas (pelo contrário), mas julgo que se está a cair no absurdo. O país não se pode transformar alegremente num rectângulo de ventoinhas. As eólicas são um negócio da China (as empresas têm preços mais elevados e asseguram sempre a venda de electricidade) e necessitam de barragens para manterem o ritmo de crescimento (por razões técnicas, a potência instalada num país não deve ultrapassar os 15%, salvo erro, em eólicas) para que estas sirvam de «armazenamento energético (em regime de complementaridade, ou seja, a electricidade das eólicas destinar-se-á sobretudo para bombagem de água que permita potenciar as descargas das hidroeléctricas). Ora, quer as eólicas quer as barragens têm impactes importantes. No caso das eólicas sobretudo paisagístico, no caso das barragens são múltiplas (erosão costeira, submersão de áreas sensíveis e até aquecimento global, por via do metano que acabarão por produzir...). Por isso, na minha opinião dever-se-ia fazer um plano integrado de energia, que contemplasse os impactes económicos e ambientais de todos os projectos (eólicos, hidroeléctricos, de centrais térmicas, etc.).
f) Mais importante ainda: actualmente, Portugal tem potência instalada em excesso, pelo que com mais eólicas, com mais barragens e sem encerrar qualquer central térmica (ao invés, prevêem-se mais), a electricidade produzida pelos novos projectos servirão sobretudo para exportação. Não seria mal, não fosse o caso de que as empresas espanholas estão a lançar-se em força em território nacional, vendo como o Governo português dá tantas facilidades em projectos que, em Espanha, não são assim tão fáceis.
Uma entrevista de bradar aos Céus
agressão conjugal e ao divórcio . Não sendo obviamente um tema ambiental - embora o Santuário tema um departamento de ambiente -, coloquei no Reportagens Ambientais o texto integral, não editado. Podem espreitar.
9/29/2007
Um Estado dentro do Estado?
9/25/2007
E viva o betão
Propaganda & ignorância
Ora, a ignorância é, na minha opinião, tão ou mais perigosa do que a promiscuidade. Porque se a promiscuidade pode a todo o tempo terminar, a ignorância é mais perene.
Isto a propósito da forma como a generalidade da comunicação social tem divulgado, irresponsavelmente por ignorância, as supostas maravilhas energéticas do Governo. E também sobre as (não) medidas de combate ao aquecimento global.
Ontem, como se sabe, José Sócrates foi discursar na Conferência de Alto Nível das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. Ora, até se lhe desculpa que, por ser como presidente em exercício das União Europeia, dissertasse sobre maravilhosas que estão longe de ser nacionais.
Porém, mais grave é ter, mais tarde (e acredito numa daquelas conversas em tom informal, como ele bem sabe fazer), começa a debitar loas às medidas do Governo no que diz respeito às emissões de gases de efeito de estufa. Nesta notícia da Lusa, aqui transcrita pelo Público Online, Sócrates terá dito que Portugal assumiu já «metas mais ambiciosas do que as definidas dentro da União Europeia». Isto daria vontade para rir, se não fosse grave, porquanto é bem sabido que estamos muito longe de cumprir as metas previstas no protocolo de Quioto, que nos tinha concedido um regime de excepção dentro da União Europeia (ou seja, a UE deveria reduzir 8% as emissões no período 2008-12 em relação a 1990, enquanto Portugal poderia subir 27%).
Mas há mais. Sócrates disse também - e amorfamente o jornalista da Lusa divulgou, que «em matérias como as energias renováveis, Portugal está na linha da frente da Europa, tendo já 39 por cento da sua energia eléctrica com base renovável». Isso está longe de ser verdade - nem neste ano chuvoso tal acontecerá - e é bom salientar que a electricidade representa apenas 20% dos consumos energéticos, além de que gases de efeito de estufa têm ainda outras origens.
Em conclusão, os jornalistas (e os seus editores) deveriam ter a obrigação de ter um olhar mais crítico - e já agora saber qualquer coisinha antes de escreverem - sempre que o Governo fala sobre energia, ambiente e alterações climáticas. Caso contrário, ainda se pensa que Sócrates diz a verdade. O que, convenhamos, não foi o caso.
9/24/2007
Enfim...
Suiniculturas, ASAE & Ambiente
Em baixo, está o trecho desa parte, onde se nota que o presidente da ASAE chutando para o canto denota uma diferença abisssal relativamente à inspecção ambiental...
Apesar actuação positiva da ASAE, independentemente das críticas que se possam fazer...
... poucas, poucas...
... fica-se com a sensação de ser caso único no país. Estou a recordar-se das suiniculturas. Durante anos, poluíram impunemente, sem que nada fosse feito pelo Ministério do Ambiente. E agora, a ASAE mandou encerrar algumas e deteve mesmo os proprietários, por razões de bem-estar animal e segurança alimentar. Por que razão a ASAE actua assim e as outras não?
Não faço ideia. Vai ter de fazer o favor de perguntar isso às 16 inspecções que existem no país (risos).
Mas se fosse inspector-geral do Ambiente já teria actuado para acabar com a poluição das suiniculturas?
Não conheço a legislação dos outros organismos, por isso tenho dificuldade em lhe responder. Alguma legislação de controlo ambiental tem prazos, se calhar demasiado alargados, para que as suiniculturas corrijam processos.
Pois, prazos que duram há décadas...
Terá de fazer uma entrevista, sobre essa matéria ao inspector-geral do Ambiente. No nosso caso, verificámos que as águas e as rações não estavam em condições e que o número de efectivos era excedido largamente. E como os proprietários não retiraram os animais a mais, detivemo-los cinco dias depois por crime de desobediência.
Isso parece-me aquele filme dos mafiosos que não se prendem por homicídios, mas sim por evasão fiscal...
Não sei o que é isso. A função da ASAE é fazer inspecções e cumprir a lei. Qualquer que seja o equipamento ou operador.
9/20/2007
A sorte de ser porco
Esta semana, numa entrevista que fiz para a revista NS ao presidente da ASAE, tive oportunidade de esclarecer algumas coisas, entre as quais o papel da IGAOT. Pois bem, se a inspecção tivesse sido feita apenas pela IGAOT, nada teria acontecido aos suinicultores, donde se conclui que poluir vale menos do que o bem-estar animal que foi a razão primeira das detenções (ou seja, existia efectivo a mais, os proprietários foram detidos porque desobedeceram ao prazo de 5 dias dado pela ASAE para retirar os porcos em excesso...).
Mas um outro aspecto interessante (e que, infelizmente, por razões de espaço não será incluída na edição de sábado da NS) sobre a actividade da ASAE é que tem jurisdição sobre a qualidade da água usada em sistemas industriais e, também, nas suiniculturas e outras explorações pecuárias. Isto é, se houver problemas, a ASAE multa forte e feio (na entrevista o presidente da ASAE é peremptório ao dizer que não faz inspecções pedagógicas). Porém, por acordo feito a nível administrativo considerou-se que a fiscalização do abastecimento
doméstico de água continuaria no Instituto Regulador de Água
e Resíduos (IRAR), que como se sabe nada faz para acabar com a pouca vergonha das contaminações em inúmeros sistemas de abastecimento, tendo uma atitude complacente com as autarquias.
Ora, este acordo para não ter a ASAE a fiscalizar a água potável (não há produto económico e questão de saúde pública mais comum na casa dos portugueses) traz água no bico. Eu, aliás, imagino as noites mal dormidas de muitos autarcas
se em vez do cenourento IRAR vissem a caceteira ASAE a fiscalizar a água que dão aos seus munícipes. Mas tem necessariamente que concluir que, em matéria de qualidade da água, os porcos devem estar mais descansados porque sabem que haverá bordoada se lhes for fornecida água de má qualidade.
9/09/2007
Jornalismo assassino
Oxigénio para o moribundo interior
A força do betão em Tróia
9/06/2007
Notas florestais
Se durante a próxima semana não chover, asseguro que vai arder um pedaço, sobretudo - ou apenas por isso - por não chover há mais de uma semana, o que tem sido coisa rara neste Verão.
Nota final em relação às declarações de um responsável da Autoridade Nacional de Protecção Civil, queixando-se de muitos incêndios nocturnos. Eu não tenho muitos elementos, mas parece-me claro ser normal que, num ano de muito poucos incêndios (por causa da meteorologia), a percentagem de incêndios nocturnos possa ser substancialmente mais elevada, por a sua origem ser, quase na totalidade, criminosa - e o criminoso «incentiva» sempre mais uma ignição do que alguém que provoca um fogo por negligência.
Porém, a ANPC não devia andar-se a queixar nem destacar esse aspecto. Dever-se-ia sim reforçar-se a vigilância nocturna. Falar por falar, apenas dá um sorriso de satisfação aos incendiários com insónias.
P.S. Nem de propósito, neste momento que escrevo está quatro fogos activos, todos com início após a meia noite, e todos a lavrar em mato. Não é preciso ser polícia para saber que estamos perante as «habituais» queimadas para pastoreio...
Lisboa com melhor cara,parece...
9/02/2007
Monchique - um balanço depois do fogo
A União Europeia já não é o que era...
Por isso, no caso português, começam a suceder-se os casos de empreendimentos em plena Rede Natura sem que coloquem, por parte da Comissão Europeia, quaisquer entraves, «exigindo» apenas medidas de minimização ambiental que, no caso português, são de duvidosa aplicabilidade e sucesso. Por agora, já contam duas barragens em Rede Natura (que implicam destruição pura e simples das áreas inundadas e afectação relevante em outras), sabendo-se que não eram projectos essenciais. No caso da barragem de Odelouca, no Algarve, a sua construção apenas permite caminhar-se ainda mais para o caos (até em termos de ordenamento) e no caso da barragem do Sabor pouca importância terá em termos de redução das emissões de dióxido de carbono, tanto mais que, tal como noutros projectos energéticos ditos ambientais, este também não vai implicar qualquer substituição de centrais térmicas.
8/28/2007
Breves apontamentos
1 - A acção do Verde Eufémia acabou por ter efeitos contraproducentes para os opositores dos transgénicos. Não pelos métodos - que acarretam riscos, mas não comungo que seja ecoterrorismo, porque a Greenpeace, por exemplo, tem acções muito mais «violentas» e com efeitos relevantes - pela forma encenada como se realizou, mais ainda porque quis apoiar-se em demasia na comunicação social, saindo-lhes o tiro pela culatra. Além disso, como era um grupo maioritariamente de jovens, perdeu algum élan. Por outro lado, o modo cordato como foram tratados pela GNR - muito diferente da célebre acção de arranque de eucaliptos em Valpaços em 1989, em que houve uma carga policial violentíssima - também não os ajudou.
2 - Este Verão não poderia ser mais favorável para não existirem incêndios florestais. Conseguiu-se um período mais ameno do que o de 2006, pois praticamente não passa mais de uma semana sem haver chuva. Mesmo assim alguns incêndios no Alentejo mostram que esta região continua numa tendência bastante grave.
3 - Como em outros anos, um pequeno incêndio na Grande Lisboa vale mais do que um incêndio devastador no interior do país. Na semana passada, em Sintra, que queimou cerca de 200 hectares, teve honras de ter a presença de um governante. Folclore...
4 - Os recentes e calamitosos incêndios na Grécia são um sério aviso para Portugal, se é que precisávamos. Desde 2001, a área ardida naquele país não ultrapassava os 15 mil hectares por ano, em certa medida fruto de algumas medidas de reformulação no combate. Mas em circunstâncias particularmente gravosas do ponto de vista meteorológico, tudo arde se a gestão não for cuidada. Mas garanto que se tivéssemos incêndios em Portugal com ventos de 70 quilómetros por hora, o cenário seria idêntico - ou até pior.
5 - Fui fazer uma reportagem a Tróia para a NS, que sairá no próximo sábado. Um novo Algarve vai nascer no litoral de Grândola,não apenas por via dos projectos da Sonae, mas sobretudo por tudo o que está a ser projectado e a ser iniciado. Mais baixo, é certo, mas não muito diferente em termos de densidade de betão.
8/16/2007
Uma praia de selvagens
Nota: Quem leu o artigo da NS do passado sábado, talvez se tenha apercebido de um irritante erro. Em algumas passagens, em vez de escrever Aljezur (concelho da praia) saiu Aljustrel (que fica no distrito de Beja e nem sequer tem praia). Acontece...
Porcos há muitos
Bombeiros de betão
Como eu só vejo uma forma fácil de desenvolver actividades de cariz económico que seja fácil e que, dentro do contexto local em que os bombeiros são sempre muito acarinhados pelas autarquia, já imagino a quantidade de projectos imobiliários que vão começar a surgir um pouco por todo o lado, patrocinadas pelas associações de bombeiros. Vão ver se me engano...
8/09/2007
Festejemos ou esperemos?
A CP no seu pior
Porém, quando cheguei à estação de Entrecampos, às 10 da manhã, fui surpreendido com o facto de todos os lugares do Intercidades das 10:30 horas estarem esgotados desde as 7 horas da manhã. Na altura em que estava na fila, muitos foram os potenciais viajantes que bateram com o «nariz na porta».
A «coisa» não me transtornou em demasia - apenas perdi tempo -, pois optei por ir no meu carro particular, sendo que os gastos me serão ressarcidos.
Mas, porém, umas questões me assolam: será que a CP não consegue reforçar a oferta para um fim-de-semana de Agosto numa linha que quase não tem movimentação. Ou será que interessa aos senhores da CP não terem trabalho algum e inconfessadamente anseiam que todos os seus clientes fujam dos seus serviços?
Por mim, vos digo: começo a ficar farto da CP...
7/31/2007
Os PIN algarvios
Ora, por um lado, aquilo que o Governo lá foi apresentar com parangonas - e todos aqueles milhões de euros de investimento - não são apenas os tais hotéis de 5 e 6 estrelas, mas sim, sobretudo, a componente imobiliária para segunda habitação. Os hotéis são apenas meros adereços. Por outro lado, muitos daqueles projectos não estavam a arrastar-se na burocracia. Na verdade, grande parte tinha sido chumbado. E estariam enterrados, caso entretanto José Sócrates não tivesse desenterrado essa coisa inqualificável do ponto de vista social e ambiental que são os PIN.
Alentejo ardente
No ano passado, fiz um artigo para o Diário de Notícias sobre esta situação que, julgo, ser pertinente aqui recordar.
«O Alentejo arrisca tornar-se um inferno de chamas nos próximos anos, caso se mantenha a tendência de agravamento dos últimos cinco anos. O recente incêndio da serra de Ossa - que terá queimado mais de seis mil hectares - apenas veio confirmar que esta região, praticamente imune aos fogos até finais da década de 90, começa a figurar cada vez mais no mapa dos incêndios devastadores de Portugal.
Para já, os três distritos alentejanos (Portalegre, Évora e Beja) ainda estão longe de estar no topo dos mais incendiáveis do País, mas a evolução dos últimos anos é terrível. Com efeito, olhando para as estatísticas oficiais, o distrito de Portalegre sofreu um agravamento da taxa média anual de 2891% quando se compara o período 2000-2005 com a década de 90. Os distritos de Évora e Beja atingiram agravamentos de 617% e 866%, quando em termos nacionais o incremento foi de 264%, já em si um valor elevadíssimo.
Apesar de esta tenebrosa evolução estar ainda longe de colocar o Alentejo no topo das regiões mais incendiáveis do País, certo é que, de entre os 20 maiores incêndios do último quinquénio, seis iniciaram-se no Alentejo (v. quadro). O maior incêndio de sempre - em Nisa, que queimou 41 mil hectares - é algo assombroso a nível nacional e sobretudo regional, sabendo-se que antes de 2003 o pior ano neste distrito tinha sido 2001, com apenas 2461 hectares queimados.
Os outros dois distritos ainda não tiveram anos tão avassaladores, mas Beja já registou dois anos acima dos 10 mil hectares ardidos (em 2003 e 2005), quando o máximo nos anos 90 tinha rondado os dois mil hectares (em 1994). Em Évora, onde raramente ardiam mais de mil hectares nos anos 90, já arderam quase 10 mil hectares em 2003, valor que deverá ser ultrapassado este ano. Nos últimos anos, destacam-se na zona os incêndios em Almodôvar, Portel e Odemira, que devastaram milhares de hectares.
Do ponto de vista meteorológico, o Alentejo é potencialmente a zona mais susceptível aos incêndios em Portugal: temperaturas elevadas e humidade relativa baixa e praticamente sem chuva durante o Verão. No entanto, tem a seu favor a baixa incidência de fogos - somente 0,8% do total nacional -, para além de o coberto vegetal ser dominado por montados de sobro e azinho, que se tiverem uma boa gestão são quase imunes aos fogos, a que acresce uma menor densidade do arvoredo que dificulta a propagação do fogo.
Contudo, a repentina alteração na incidência de fogos destrutivos deve-se, exactamente, ao progressivo abandono rural e florestal, que permitiu criar matagais por entre o arvoredo, o que constitui autênticos "barris de pólvora". Essa situação, embora afectando mais os pinhais e eucaliptais desta região, começa também a evidenciar-se nas manchas de montado de sobro. Aliás, o sobreiro começa a ser uma espécie florestal ameaçada, dado que no último quinquénio cerca de 80 mil hectares já foram afectados pelas chamas, embora uma parte significativa tenha ocorrido nos distritos de Faro e Santarém.
No entanto, existem ainda outros motivos para que os incêndios no Alentejo sejam bastante destrutivos: esta região é das menos vigiadas por postos fixos e com a pior cobertura de corporações de bombeiros e brigadas de primeira intervenção. Por isso, não surpreende que no ano passado, dos 196 fogos nesta região, 15 chegaram a ultrapassar os 10 hectares. Uma taxa de quase 8%, cerca de quatro vezes superior à média nacional. Ora, quando um destes incêndios "sobrevive" e atinge uma área vegetal contínua e com tempo seco, acontecem as desgraças. E milhares de hectares de floresta ardem, como palha».
in Diário de Notícias, 14 de Agosto de 2006
7/26/2007
Depois queixem-se
Pior ainda é que, querendo reclamar - com uma sugestão - não consegui fazê-lo. Na estação de Entrecampos somente estavam dois funcionários de uma empresa de segurança. Funcionários da Refer e da CP nem vê-los, estava tudo fechado e, portanto, sem acesso ao livro de reclamações. Somente estava aberto o guichet da Fertagus (empresa privada), mas esses não eram chamados ao assunto. Resultado de tudo isto: arrelias e uma viagem que demoraria de carro cerca de uma hora e meia acabou por consumir cerca de três horas, já que tive de ir a pé até à estação de metro do Areeiro.
Os funcionários da empresa de segurança sugeriram-me que voltasse no dia seguinte para fazer a reclamação. Eu vou é ver se evito andar mais de comboio nestas circunstâncias, por muito que a minha consciência ambiental me critique.
7/24/2007
Os riscos das privatizações
Com a anunciada privatização da holding Águas de Portugal - que integra a componente do saneamento (desde água até esgotos passando pelos resíduos) e muitos outras empresas de sectores ambientais -, o Governo dá de barato o uso e usufruto de um bem que deveria estar sempre na esfera pública, por razões que parecem óbvias. Mais ainda quando ainda existem atrasos significativos em algumas regiões relativamente ao abastecimento público de água e á drenagem e tratamento de esgotos urbanos, cujo financiamento poderia e deveria vir dos chorudos lucros da parte mais litoral dos investimentos daquela holding. Aliás, não se pode esperar que os privados que entrem no capital da Águas de Portugal estejam muito interessados em «esturrar» dinheiro em regiões cujos investimentos somente seriam aceitáveis se os preços dos serviços subissem a valores incomportáveis. Ou seja, o que vai acontecer em vastas regiões do país é a completa ausência de investimentos no futuro naqueles dois sectores.
Já em relação aos resíduos sólidos urbanos, começo a ser, cada vez mais, favorável às privatizações, pois se conseguiriam sinergias (por vezes, em alguns concelhos existem quatro entidades distintas a mexer nos lixos) e melhoraria a qualidade do serviço.Aliás, basta comparar Lisboa (um horror em termos de limpeza urbana e recolha de resíduos), cujos lixos são recolhidos pela autarquia, e alguns outros concelhos onde estão empresas privadas. Nestes casos, salvaguardar este sector para a esfera pública não faz sentido e, embora lamente, começo a ser apologista de que, aqui, o privado é melhor do que o público.
Nota: Gostaria de explanar melhor todas estas questões, mas por manifesta falta de tempo fica, por agora, este apontamento.
7/18/2007
Ambiente em imagens
7/17/2007
Cruzes canhoto
Quando a olhei para a foto, recordei-me da descrição de um incêndio em 1750 no Hospital de Todos-os-Santos, em Lisboa. Então, muitos padres, em vez de tentarem arranjar água ou qualquer outro meio de extinção, usaram cruzes para afugentar as chamas. Logo pensei, portanto que aquele objecto que ali surge pendurado por debaixo da tabuleta «Uso Exclusivo Combate a Fogo» era um crucifixo que não deveria ser usado nunca em funções religiosas, mas sim no ataque aos incêndios. Depois, ele explicou-me: aquilo servia para prender um extintor, que não estava lá...
7/16/2007
O dedinho
7/14/2007
O pessoal quer é música
7/13/2007
Lisboa a votos
Independentemente disto, certo é que a autarquia manter-se-á ingovernável durante os próximos dois anos até às novas eleições. Um cenário de coligação parece-me muitíssimo pouco provável: Costa não pode coligar-se com Carmona, porque se queimaria; Roseta não aceitará juntar-se, porque tornaria irrelevante a sua candidatura, o que daria a entender ter sido uma birra contra o PS; de Negrão, nem valeria a pena falar, porque nunca o PSD aceitaria um Bloco Central em Lisboa; PCP não desejará apoiar um ex-ministro de um Governo que combate; e Sá Fernandes, com o Bloco de Esquerda, mesmo que quisesse (o que me surpreenderia), provavelmente não elegerá vereadores suficientes. Claro que esta situação de ingovernabilidade não desagradará muito a António Costa: poder-lhe-á ser mesmo útil, pois não se cansará, ao longo dos próximos anos, de se queixar de estar a oposição a fazer-lhe a vida negra, e que só com uma maioria absoluta conseguirá endireitar a Câmara. E assim, em 2009, conseguir algo que o PS nunca obteve sozinho: maioria na autarquia de Lisboa.
7/11/2007
Investigação com esmola
P.S. Infelizmente, muitas questões não puderam ser desenvolvidas nessas micro-entrevistas (da minha parte foram cerca de vinte, a que se juntaram outras tantas feitas pela jornalista Rita Saldanha). Fiz o melhor que podia... e sabia.
Um país de porcos
7/10/2007
Endoidaram, por certo
«Um indivíduo com cerca de 30 anos perdeu ontem a vida, numa altura em que nadava no rio Douro próximo da praia do Areinho, em Vila Nova de Gaia. Segundo alguns populares, o alerta terá sido dado por crianças que brincavam junto a uma pequena marina, depois de perderem o indivíduo de vista.»
Comentário - Ficamos a saber que um indivíduo (estranha palavra num jornal) perdeu a vida e que crianças perderam o dito de vista. Tantas perdas. Comecei logo a achar que esta notícia me ia divertir.
«O alerta para os bombeiros foi dado por volta das 14.30. Um homem com cerca de 30 anos tinha desaparecido no rio Douro. Para o local foram de imediato os mergulhadores dos Sapadores do Porto e dos bombeiros da Aguda. A estes juntaram-se vários elementos dos Sapadores de Vila Nova de Gaia e de Avintes.»
Comentário - Para o caso de não se ter reparado na primeira frase, o jornalista volta a dar a idade da vítima (cerca de 30 anos). A diferença é ter o indivíduo passado a ser homem.
«Segundo os Sapadores de Gaia e o piquete da Polícia Marítima, as informações recolhidas no local indicam que o indivíduo terá decidido nadar no rio após o almoço. "Tudo leva a acreditar que se terá sentido indisposto, talvez uma congestão ou assim, já que o corpo não apresentava qualquer ferimento", disse ao DN um elemento da Polícia Marítima.»
Comentário - Bolas, o homem passou outra vez a indivíduo. Mas há mais: há bitates para encher sobre a causa do afogamento. E é assim mesmo, de forma coloquial: «talvez uma congestão ou assim». Lindo...
«O alerta foi dado por algumas crianças que brincavam próximo do local e que haviam visto o indivíduo a saltar para a águas. Algum tempo depois, tendo deixado de o ver à tona da água, alertaram alguns adultos para o desaparecimento do homem.»
Comentário - Deixem ver se entendo: as crianças alertaram os adultos, os adultos alertaram supostamente os bombeiros. Isto parece-me coisa para encher. Ah!, e o indivíduo já passou outra vez a ser homem.
«Nas roupas da vítima, que estavam penduradas numa pequena embarcação de pescadores ancorada no local, não foi encontrado qualquer documento que permitisse a identificação. "Houve quem dissesse que o conhecia de vista e que sabia, mais ou menos, onde morava, mas sem grandes certezas", adiantou a mesma fonte. O homem seria solteiro, não tinha filhos e morava próximo do Areínho, com um tio. O corpo foi levado para o Instituto de Medicina Legal do Porto para autópsia que irá determinar as causas da morte e a posterior identificação da vítima mortal.»
Comentário - Essencial, o pormenor de as roupas da vítima estarem penduradas num barco de pescadores. Mas fiquei curioso de saber como eram, e as suas cores e tecidos. Também gostei do «houve quem dissesse». E com tantas dúvidas sobre a identidade do indivíduo ou homem - mas há uns bitates - , aprendi, pela frase do jornalista, que a autópsia também determinará a identificação da vítima. Ah, e ainda bem que a vítima é uma vítima mortal, caso contrário a autópsia provavelmente ia doer um bocadinho...
«Segundo o comandante Martins dos Santos, da Capitania do Douro, "as únicas mortes registadas este ano no rio, nada têm a ver com afogamentos deste género". Os seis casos verificados até ontem reportam-se a "acidentes ou incidentes" diferentes deste caso.»
Comentário - Mais outra informação fundamental: ficamos a saber que houve seis mortes naquele rio, mas que foram apenas «acidentes ou incidentes», sem especificar. E nós que até tínhamos ficado a saber que o indivíduo, ou homem, tinha pendurado a roupa numa embarcação de pescadores.
Conclusão final: Mas que raio de notícia é esta????!
7/09/2007
Que se há-de fazer?
Refazer a história
Quem se recordar, aquando dessas elevadas temperaturas, o Governo nada sabia e até chegou a apontar valores ridículos de mortalidade (para aí meia dúzia de pessoas). Nada se sabia, nada se fez de prevenção nem de minimização. Só mais tarde, um ano depois, se apuraram os resultados da mortalidade (por sinal, muito próximos de umas estimativas que eu fiz, com base em dados de mortalidade do INE, e que foi publicado meses antes).
Na verdade, conforme se pode ver aqui, morreram em Portugal 2.696 pessoas. É certo que na França se atingiram 19.490 pessoas. Porém, não se pode ver os valores em termos absolutos, mas sim ao nível da população residente. E assim, temos a seguinte taxa de mortalidade causada pela onda de calor de 2003:
Itália - 341 mortes por milhão de habitantes
França - 306 mortes por milhão de habitantes
Espanha - 338 mortes por milhão de habitantes
Alemanha - 114 mortes por milhão de habitantes
Portugal - 254 mortes por milhão de habitantes
Ou seja, não me parece que a situação portuguesa seja assim tão boa. Aliás - e tenho pena de já não encontrar a notícia -, é bom recordar que a onda de calor de 2003 atingiu sobretudo o interior do país, mais despovoado. E, portanto, nessas regiões a taxa de mortalidade foi seguramente muitíssimo superior á verificada em outros países.
7/07/2007
Live Earth
7/06/2007
Alentejo a ferro e fogo
7/05/2007
Mata que não é protegido
O caso poderia ter aqui uma solução simples - ou seja, exactamente, reforçar as vedações dos galinheiros ou mudar as ditas aves para sítio mais seguro. Mas a população quer sangue de raposa. E para ajudar a festa surge um suposto ambientalista, supostamente «ligado à associação Quercus» (assim aparece identificado). De seu nome Gastão Antunes diz que como «a raposa (...) não está em perigo de extinção, em meio humano deve ser abatida porque pode transmitir doenças ao homem», devendo assim «ser organizadas batidas».
Uma pequena sugestão: e que tal arranjar-se uma armadilha para apanhar o bicho vivo e levá-lo para outro sítio? Seria simples e inodoro. E já agora, uma pequena pergunta ao ambientalista: será que a raposa transmitirá potencialmente mais doenças do que, por exemplo, as ditas galinhas ou mesmo a rataria que, por certo, existirá no dito matagal nas imediações do bairro?
7/04/2007
As podas em F
Mais um disparate
«Leandro Lima, médio ofensivo de 19 anos que foi contratado ao São Caetano, é, a par do seu compatriota Helton, do argentino Lucho Gonzalez e do uruguaio Jorge Fucille o grande ausente neste arranque para a nova época» (sic).
Ou seja, na mesma linha, eu sou o único português vivo, a par de de mais uns 10 milhões de pessoas.